Trombofilia na gravidez: entenda como ela afeta mães e bebês Maíra Cardi revelou que recebeu o diagnóstico de trombofilia na gestação

Problema na coagulação do sangue, a trombofilia pode causar abortos, pré-eclâmpsia e outras complicações durante e após a gestação

A influenciadora Maíra Cardi trouxe à tona um tema delicado e importante ao revelar que foi diagnosticada com trombofilia, uma condição que aumenta o risco de formação de coágulos no sangue e pode trazer consequências sérias para a saúde da gestante e do bebê.

O que é a trombofilia?

Segundo o ginecologista e obstetra Dr. Vinícius Bassega, especialista em reprodução assistida, trata-se de uma predisposição maior à trombose — quando coágulos (trombos) se formam nas veias ou artérias. Os sintomas dessa condição variam conforme a região afetada. Em casos de trombose venosa profunda (TVP), por exemplo, é comum sentir dor, inchaço e vermelhidão na perna. Já quando o coágulo atinge o cérebro, pode ocorrer um acidente vascular cerebral (AVC), com sintomas como perda da fala e alterações motoras, podendo até evoluir para coma. No tromboembolismo pulmonar (TEP), os sinais incluem dor no peito e dificuldade para respirar, com risco de morte em casos graves.

A trombofilia na gestação

Durante a gravidez, os riscos se intensificam. A trombofilia pode afetar os vasos da placenta, levando a complicações como abortos espontâneos repetidos, pré-eclâmpsia, restrição de crescimento do feto, nascimento de bebês com baixo peso e até morte fetal intrauterina. Estima-se que entre 10% e 15% das mulheres que enfrentam perdas gestacionais recorrentes tenham algum tipo de trombofilia. A condição também pode aumentar em até cinco vezes a chance de pré-eclâmpsia, de acordo com estudos recentes.

O diagnóstico envolve uma análise clínica detalhada, investigação do histórico familiar e exames laboratoriais. Existem dois tipos principais da condição: a hereditária, de origem genética, e a adquirida, que pode estar ligada a fatores como síndrome antifosfolípide, doenças autoimunes, uso de anticoncepcionais, cirurgias extensas, presença de câncer e tabagismo. Além disso, as mudanças hormonais da gestação e a compressão das veias pélvicas tornam o período naturalmente mais propenso à formação de trombos.

O tratamento

De acordo com Dr. Bassega, o tratamento varia de acordo com cada caso. Na maioria das vezes, são utilizados medicamentos anticoagulantes (como injeções diárias) ou antiagregantes plaquetários de uso oral. No caso de mulheres grávidas, os protocolos são adaptados para garantir segurança tanto para a mãe quanto para o bebê. O ideal é que o diagnóstico seja feito antes da gestação, já que, com ele, é possível iniciar o tratamento com fármacos como enoxaparina e ácido acetilsalicílico (AAS), reduzindo significativamente os riscos.

Gestantes com trombofilia devem seguir um pré-natal de alto risco, ou seja, com acompanhamento rigoroso. Após o parto, os cuidados continuam, já que o risco de trombose ainda permanece elevado durante o puerpério. O diagnóstico precoce e o tratamento correto são cruciais para garantir uma gestação tranquila e segura para mulheres com essa condição.


Hérica Rodrigues

Jornalista com 20 anos de experiência, Coordenadora de produtos digitais da Editora Alto Astral, apaixonada pela escrita e pela vida!