
O esgotamento emocional, físico e mental causado pelo burnout tem afetado um número crescente de mulheres no ambiente corporativo. Embora o estresse laboral seja uma realidade para muitos profissionais, as mulheres enfrentam um agravante silencioso e persistente: a jornada dupla. Além das exigências do trabalho formal, muitas ainda carregam, de forma desproporcional, a responsabilidade pelas tarefas domésticas e pelos cuidados familiares.
“Essa sobrecarga acumulada, muitas vezes invisível, gera um impacto profundo na saúde mental das mulheres”, alerta Fátima Macedo, CEO da Mental Clean, empresa pioneira no Brasil em psicologia aplicada à saúde do trabalhador. “É comum que elas sintam a obrigação de dar conta de tudo — ser excelente profissional, mãe presente, companheira dedicada e ainda administrar a casa — o que eleva o risco de esgotamento extremo.”
Como identificar os sinais de burnout feminino?
Macedo afirma que entre os principais sinais de alerta estão:
- Cansaço constante, mesmo após períodos de descanso;
- Dificuldade de concentração e lapsos de memória;
- Irritabilidade, sentimentos de fracasso ou impotência;
- Alterações no sono e no apetite;
- Falta de motivação para atividades que antes traziam prazer.
Segundo Fátima, é fundamental buscar ajuda ao notar esses sintomas. “Muitas mulheres ainda acreditam que é só uma fase ou que precisam se esforçar mais, quando na verdade precisam parar, refletir e, acima de tudo, se cuidar”, afirma.
Boas práticas no ambiente de trabalho
Empresas que desejam promover a equidade de gênero e o bem-estar de suas colaboradoras precisam agir de forma estratégica e empática. Algumas boas práticas incluem:
- Flexibilização da jornada de trabalho, permitindo horários adaptáveis ou modelo híbrido, sempre que possível.
- Políticas de apoio à maternidade e à parentalidade ativa, como licença estendida, apoio psicológico e programas de acolhimento no retorno ao trabalho.
- Promover a divisão equitativa de tarefas nas equipes, evitando a sobrecarga recorrente das mulheres em atividades de suporte ou “invisíveis”.
- Oferecer espaços de escuta e suporte emocional, por meio de programas internos de saúde mental ou parcerias com especialistas.
- Capacitação de lideranças para reconhecer sinais de burnout e lidar com o tema de forma sensível e acolhedora.
“Quando a empresa reconhece que a saúde mental não é um tema periférico, mas sim central para a produtividade e sustentabilidade do negócio, ela passa a cuidar melhor de todos os seus talentos — e especialmente das mulheres, que há muito tempo têm carregado mais do que deveriam”, conclui Fátima.