Construir carreira ou ser mãe: preciso escolher? Além de comandar o próprio negócio, as mulheres ainda precisam dar conta da casa, dos filhos e (se sobrar tempo) ter vida particular

É comum que muitas mulheres adiem o sonho da maternidade em busca do crescimento profissional, mas é preciso quebrar estigmas sobre isso

O crescimento e satisfação profissional é cada vez mais uma demanda na vida da mulher moderna, que além de enfrentar as dificuldades e preconceitos na busca por uma posição no mercado de trabalho, muitas ainda lidam com outra questão: devo priorizar a minha carreira ao invés da maternidade?

É claro que isso não é um questionamento comum a todas as mulheres. Já que muitas delas não querem ter filhos e podem (devem) fazer essa escolha. Mas aqui vamos falar sobre quem tem a maternidade como um sonho: quando é a melhor hora? Será que devo esperar mais? Será que esperei tempo demais? Vamos por partes…

Por que esperar e focar na carreira

“Muitas mulheres adiam a maternidade em função de estabilidade financeira, realização profissional, estabilidade emocional ou simplesmente por não terem encontrado um parceiro ideal para formar uma família”, começa explicando Alana Anijar, psicóloga especialista em Terapia Cognitiva Comportamental e criadora do podcast Psicologia na Prática.

Tudo isso, aliado à crescente participação feminina no mercado de trabalho e o desejo de conquistar certos objetivos profissionais antes de se dedicarem à maternidade, nos dão um panorama de motivos comuns pelos quais alguém pode escolher esperar para ser mãe.

Síndrome da Mulher-Maravilha

O que vemos acontecer desde muitas gerações anteriores a nossa são mulheres que se sentem na obrigação de equilibrar todas as áreas da vida com maestria, sem errar, sem reclamar, e sempre tentando ser ainda melhor. O resultado disso? Frustração. Alana ressalta a necessidade de entender que é impossível ter tudo ao mesmo tempo. “Vejo muito essa angústia da mulher moderna, de querer dar conta de tudo ao mesmo tempo e ‘conquistar o mundo’”, aponta.

É preciso mudar paradigmas sobre maternidade e carreira

A psicóloga tranquiliza, e afirma que é possível, sim, ser bem sucedida na carreira e ter filhos. Não tem necessariamente que escolher “uma coisa ou outra”. Porém, para isso, será preciso abrir mão de algumas coisas e de alguns ideais, muitas vezes colocados para a mulher como uma pressão social. “Talvez demore mais para conquistar um determinado patamar profissional, já que a maternidade implica pausas. Talvez não dê para ser tão presente para os filhos como gostaria. Mas é possível encontrar um equilíbrio nessa jornada e o que faz muita diferença”, esclarece a profissional.

O medo de ser “tarde demais”

Ao priorizar a jornada profissional, surge o medo relacionado à maternidade tardia, que além de questões de saúde, sempre chega carregado de preconceitos e informações incorretas. “Alguns mitos incluem a ideia de que as mulheres mais velhas não têm energia suficiente para cuidar de crianças, ou que a maternidade tardia é sempre resultado de priorizar a carreira sobre a família”, conta Alana. E nada disso é uma verdade absoluta. “Cada realidade e cada história são diferentes e não podemos reduzir e nem julgar uma mulher por não ter tido filhos. Isso seria insensível e descabido”, pontua a profissional.

A informação correta vai te salvar

Para a psicóloga, além da pressão social, os principais desafios emocionais que podem trazer ainda mais ansiedade a esse processo incluem a preocupação com a fertilidade. “Muitas mulheres que decidem por terem filhos mais tarde, acabam enfrentando dificuldades e podem passar por meses e anos de tentativas frustradas, o que causa também um abalo emocional significativo”, conta.

Dito isso, Alana considera de extrema importância que essas mulheres estejam bem informadas sobre sua saúde reprodutiva e busquem orientação médica adequada. “Consultas com um especialista em reprodução podem fornecer informações sobre opções de preservação da fertilidade, como congelamento de óvulos”, orienta.

“Buscar ajuda psicológica nesse processo pode ser bastante útil, pois é muito importante que a mulher esteja com suas emoções equilibradas nesse período que pode gerar muito estresse e ansiedade.”