Malu entrevistou especialista em educação financeira para saber como lidar com o tema na infância

Gastos e consumo já são temas tabus para os adultos, imagine para as crianças? Saber quando devemos falar com os pequenos e como introduzi-los ao mundo do dinheiro são dúvidas muito comuns entre os pais. Para ajudar você a lidar com o assunto, entrevistamos a especialista em educação financeira Paula Andrade, que publicou, pela editora Matrix, recentemente, o livro Finanças para Crianças. No papo, Paula explicou que quando uma criança pede para comprar algo na rua é sinal de que ela já está pronta para aprender sobre dinheiro. A profissional disse ainda que educação financeira vai muito além do papel moeda. Confira:

Como falar sobre dinheiro com as crianças?

“O dinheiro faz parte das nossas ações no dia a dia. Então, não é preciso ter um momento especial para falar sobre ele com as crianças. As crianças estão vendo e aprendendo como consumimos e tratamos as nossas finanças, e isso é educação financeira também. O mais importante é não ‘fugir’ da conversa quando a criança traz alguma curiosidade. Responda naturalmente, explique os porquês das suas escolhas e decisões, mesmo se a criança for pequena. Elas conseguem entender mais do que a gente pensa.”

Qual a idade mais recomendada para se falar de dinheiro com eles?

“A partir do momento em que a criança pede para comprarmos algo na rua, o famoso ‘compra para mim’, ela já entende que existe uma relação de troca financeira nessa ação. Isso acontece por volta dos três anos. Então, a partir disso, ela já está pronta para aprender sobre consumo e dinheiro. Se você não planeja comprar, explique o porquê ao invés de tentar enrolar a criança: ‘Não nos programamos para essa compra agora’, ‘Vamos primeiro juntar o dinheiro para depois comprar’, ‘Você já tem um igual em casa’… Estas são algumas frases que podem ser ditas e que as crianças são totalmente capazes de entender.” 

Como começar? Temos que dar dinheiro para os pequenos?

“É importante destacar que educação financeira vai muito além de saber lidar com papel moeda. Educação financeira infantil é, em primeiro lugar, aprender a lidar com as próprias emoções. São as nossas emoções que fazem a gente se endividar ou lidar mal com o dinheiro. Então, comece conversando sobre a vontade de ter tudo de bonito que vemos na rua (consumismo), sobre a dificuldade para esperar para realizar um sonho (planejamento), sobre a importância de termos metas e objetivos claros na vida, sobre o impacto do consumo excessivo na natureza… tudo isso é educação financeira e deve ser ensinado antes de a criança aprender matemática.”

Pode nos dar alguma dica? Por exemplo, uso de cofrinhos, de jogos tipo banco imobiliário, etc.?

“A melhor forma para ensinar algo para uma criança é, sem dúvida, brincando! Jogos são ótimas ferramentas para os pais. Inclusive publicamos pela editora Matrix um baralho incrível de educação financeira para auxiliar os pais na introdução desse tema nas conversas de família. Se chama Finanças para crianças. O melhor dele é que não precisa ter conhecimento de matemática ou algo similar para responder as perguntas. E cada cartinha vai render boas conversas em família.”

Se os pais não têm educação financeira, como podemos garantir que consigam transmitir esses sentimentos para os filhos?

“Todo mundo teve algum grau de educação financeira. Mesmo sem uma educação financeira ‘formal’, aprendemos a lidar com o dinheiro observando os nossos pais, a nossa família e os amigos. Por isso, é importante que os pais estejam sempre atentos ao próprio comportamento. Além disso, nunca é tarde para estudar e aprender. Há vários influenciadores na área de educação financeira infantil que trazem conteúdos valiosos e que auxiliam muito as famílias. Quem quiser aprender mais e, principalmente, trocar experiências sobre os desafios de educar filhos financeiramente conscientes nesse mundo tão consumista, fica convidado a me seguir no instagram: @paulaandrade.”