Dia do amigo: o chefe também conta? Freepik

A amizade com líderes pode impulsionar resultados ou causar ruídos. Veja como equilibrar essa relação

É comum que, com o passar do tempo, colegas de trabalho desenvolvam relações de amizade. Afinal, o ambiente corporativo é onde muitos passam a maioria dos seus dias. Mas e quando esse laço se forma com o chefe? Ainda existe certo tabu, mas ele pode ser mais positivo do que se imagina, desde que respeite os limites entre o profissional e o pessoal. Uma pesquisa do Indeed Brasil, deste ano, indicou que 54% dos profissionais têm amigos no trabalho, e 52% afirmam que isso aumenta a satisfação diária.

Quando há abertura e confiança na relação, a comunicação tende a ser mais fluida, o ambiente se torna mais acolhedor e os projetos ganham em agilidade e alinhamento. A proximidade permite que o colaborador se sinta mais à vontade para trazer ideias, pedir feedbacks e discutir dificuldades com transparência. “O gestor que consegue criar uma relação humana e, ao mesmo tempo, profissional contribui para um time mais engajado e produtivo”, avalia Mônica, psicóloga e especialista em RH.

Pontos positivos e negativos

Apesar dos pontos positivos, o excesso de intimidade pode trazer riscos. Comentários fora de hora, dificuldade de impor autoridade, sensação de favorecimento e perda de foco são alguns dos efeitos colaterais mais comuns quando essa relação extrapola o bom senso. “O problema não está na amizade em si, mas na falta de clareza sobre o momento certo de falar, de ouvir e de agir”, destaca a psicóloga. Quando o vínculo pessoal começa a interferir na tomada de decisões, a equipe pode se desmotivar e o clima organizacional se desequilibrar.

Por isso, estabelecer limites é essencial. A amizade no ambiente profissional precisa estar sustentada por respeito mútuo, responsabilidade e discernimento. Separar momentos de descontração dos momentos de entrega, saber dizer “não” quando necessário e manter a imparcialidade nas decisões são atitudes que preservam tanto a relação quanto os resultados. É possível manter uma amizade saudável com o chefe sem perder a seriedade no trabalho. O segredo está em não confundir confiança com permissividade.

Para as lideranças e equipes de RH, a missão é criar ambientes que acolham vínculos genuínos sem abdicar da ética e da profissionalização das relações. Incentivar a escuta ativa, a empatia e a clareza de papéis contribui para que essas amizades se tornem um ativo positivo e não um risco velado. “Relacionamentos interpessoais saudáveis fortalecem a cultura organizacional. Quando bem conduzida, a amizade entre chefe e colaborador pode ser uma poderosa ponte para o desenvolvimento mútuo”, finaliza Mônica Ramos.