A escala de trabalho 6×1, que exige que os funcionários trabalhem seis dias seguidos e tenham apenas um de descanso, tem sido um modelo comum em setores como comércio, indústria e serviços essenciais. No entanto, de acordo com Henrique Gomes Neto, sócio e consultor da Ação Consultoria, essa jornada pode trazer desafios significativos para o bem-estar dos colaboradores.
Os problemas da escala 6×1
Para ele, os principais problemas estão relacionados à saúde e à manutenção de bons relacionamentos, fundamentais para a felicidade e qualidade de vida. Henrique cita uma pesquisa de Harvard, que concluiu que as boas relações são essenciais para a saúde a longo prazo. O que pode ser difícil para quem trabalha em escalas como a 6×1. Além disso, ele aponta que a falta de um descanso adequado pode afetar a restauração física e emocional. Resultando em cansaço excessivo e desatenção, o que aumenta os riscos à segurança no trabalho.
Apesar dessas dificuldades, o consultor acredita que a produtividade e o bem-estar dos colaboradores não precisam ser comprometidos com essa escala. A chave, segundo ele, está na forma como a empresa gerencia o ambiente de trabalho. “A liderança participativa, uma comunicação eficiente e o climaorganizacional saudávelsão fatores essenciais para que os impactos negativos sejam minimizados. Quando essas questões são bem conduzidas, as empresas podem manter a produtividade e ainda oferecer um ambiente que favoreça a saúde e o bem-estar de seus colaboradores”, afirma o especialista.
Escala 6×1 interfere na qualidade de vida
No entanto, a adoção da escala 6×1 tem gerado preocupações em relação ao absenteísmo e à rotatividade de funcionários. O consultor lembra que, no contexto atual, com as transformações sociais e econômicas, a falta de flexibilidade nas escalas de trabalho tem se tornado um impeditivo para muitos profissionais, que preferem vagas que ofereçam mais qualidade de vida. “Após a pandemia da Covid 19 e hoje, contratar profissionais para uma empresa que não tenha o benefício do home-office é um grande desafio. Por isso, os modelos mais flexíveis de trabalho, como a jornada de quatro dias ou escalas com maior controle por parte do colaborador sobre o banco de horas, têm ganhado popularidade”, diz Henrique.
Embora a escala 6×1 ainda seja necessária em setores como o de commodities e serviços essenciais, o profissional acredita que ela não é ideal para todos os segmentos. “A verdadeira eficiência na gestão de pessoas está em promover um ambiente produtivo e com propósito claro, onde o bem-estar físico e psicológico dos colaboradores seja uma prioridade”, afirma. Em empresas que adotam esse modelo, ele sugere que estratégias como troca de turnos, folgas em eventos especiais para o funcionário, mudança de área, programas de saúde mental e incentivo a práticas de autocuidado podem ajudar a melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores.
Em busca de mais flexibilidade e bem-estar
A discussão sobre modelos de trabalho mais flexíveis, incluindo a jornada de quatro dias ou turnos mais adaptáveis, tem ganhado força nos últimos dias. Especialmente com movimentos que buscam recolher assinaturas para protocolar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com o objetivo de acabar com a escala 6×1. Segundo Henrique, essas alternativas têm se mostrado eficazes em empresas de alguns segmentos. Pois promovem uma melhor gestão do tempo e maior satisfação dos colaboradores, o que reflete diretamente no engajamento e consequentemente, nos resultados da organização.
“A flexibilidade nas escalas, somada a uma liderança empática com escuta cuidadosa, exercendo menos autoridade baseada no cargo e mais a influência baseada na competência de inspirar as pessoas, e um clima organizacional saudável com ambientes psicologicamente seguros, são os pilares que podem transformar a relação entre trabalho e qualidade de vida. Promovendo, assim, o crescimento sustentável e sucesso tanto da empresa quanto dos seus colaboradores.”, conclui o consultor.
Sobre Henrique Gomes Neto
Sócio da Ação Consultoria, atua como consultor há 15 anos, com foco no Desenvolvimento da Cultura Organizacional, Gestão de Pessoas, Programas de Formação de Liderança e Vendas, em empresas nacionais e multinacionais do agronegócio, varejo, saúde, telecomunicações, seguros, industrial, hotelaria etc.
Certificado em Comunicação Persuasiva – MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). MBA em Liderança, Inovação e Gestão 3.0 pela PUC. MBA em Marketing e Vendas pela FMU. Pós-graduaçãoem Ciências Humanas na PUC. Especialização em Gestão Estratégica de Recursos Humanos pela FGV. Formação como Analista Comportamental pelo IBC e GCC e Business e Executive Coaching, pela ECA – European Coaching Association. Certificado em Gestão de Mudanças pelo HUCMI.