
Sabe aquele remédio que você toma indiscriminadamente para dor de cabeça? Pois é… no futuro, a dor de cabeça pode ser ainda maior. Um estudo transversal realizado no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) demonstrou que no Brasil 14,8% dos pacientes com doença renal crônica (DRC), enfermidade caracterizada pela perda progressiva e irreversível da função renal, faziam uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), muitos por automedicação.
Riscos do uso indiscriminado dos anti-inflamatórios
A automedicação é um problema crônico de saúde pública brasileira, já que existem riscos, às vezes pouco conhecidos, do uso contínuo de vários tipos de remédios vendidos sem receita médica. Segundo dados do Conselho Federal de Farmácia, cerca de 9 em cada 10 brasileiros têm o hábito de se automedicar.
O uso indiscriminado de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como ibuprofeno e diclofenaco, pode representar um risco significativo para a saúde dos rins. O alerta é do Dr. Bruno Biluca, nefrologista da Fenix Nefrologia, que chama a atenção para a necessidade de ampliar a conscientização sobre os efeitos colaterais desse grupo de medicamentos amplamente utilizado no Brasil e no mundo. “Uma das principais responsabilidades do nosso trabalho é a prevenção de doenças renais crônicas, visando a redução de pacientes dependentes de hemodiálise.” afirma o nefrologista.
Além de agir contra a dor
Os AINEs atuam reduzindo a inflamação e a dor, mas também interferem no fluxo sanguíneo renal. “Os AINEs podem afetar essa estrutura ao reduzir o fluxo sanguíneo que chega ao glomérulo, que é a estrutura responsável pela filtração do sangue, prejudicando o funcionamento do rim”, explica Dr. Biluca.
Pessoas com fatores de risco, como idade avançada, hipertensão, diabetes, desidratação, uso de diuréticos ou inibidores da ECA/BRA, estão ainda mais vulneráveis aos efeitos adversos dos anti-inflamatórios. “Por se tratar de medicamento que pode ser vendido sem prescrição médica, tendo como uma das principais indicações o tratamento de doenças osteomusculares, seria importante considerar a necessidade de maior controle sobre a venda desse grupo de medicação, além de amplas ações de educação em saúde sobre o tema para a população em geral”, conclui o médico.