Amy Loughren, que ajudou na captura do serial killer, falou como foi reviver este drama real de sua vida
Imagine a situação: você se internou em um hospital para tratar uma infecção simples, mas encontrou lá um enfermeiro serial killer, que mata suas vítimas com remédios. Essa premissa apavorante parece vinda um conto de terror, mas é uma história real, que inspirou o cenário sombrio do filme “O Enfermeiro da Noite”, produção de sucesso da Netflix em 2022, baseada no livro do jornalista investigativo Charles Graeber (2014).
O longa mostra Charles Cullen (Eddie Redmayne), um enfermeiro nos EUA que assassinava pacientes silenciosamente em hospitais usando medicações, sendo finalmente capturado pela polícia com a ajuda de outra enfermeira, Amy Loughren, interpretada por Jessica Chastain.
Um enfermeiro qualquer e uma descoberta chocante
A polícia estima que Cullen matou pelo menos 40 pessoas. No entanto, como muitos hospitais onde ele atuou não notaram seus crimes, foi possível identificar apenas 29 pacientes mortos por ele.
O filme mostrou também o lado “bondoso” de Charles, e sua amizade com Amy Loughren, que à época dividia seu tempo entre a maternidade solo e o trabalho no hospital Somerset, em Nova Jersey, e acabou se aproximando afetivamente do assassino. Porém, quando surgiram as suspeitas, ela foi a responsável por ajudar a polícia a coletar provas contra Cullen.
Em entrevista à revista People, a profissional disse: “Lutei com a culpa de sentir falta dele [Cullen]. Lutei com a culpa de não ver que esse amigo também tinha um lado sombrio e monstruoso. E eu não queria ver… Eu queria acreditar que ele matava por misericórdia para que eu ainda pudesse me importar com ele. Mas ele não era um assassino que matava por pena. Ele era um assassino a sangue frio. E eu realmente me culpei por não ter visto isso”, lamentou.
A enfermeira ainda elogiou a atuação de Jessica Chastain e revelou que o filme a ajudou a ressignificar seu papel nesta sinistra história real. “Eu literalmente arrisquei tudo para ter certeza de que ele seria preso. E me esforcei todos os dias, não importa o quão doente eu estivesse. Ao vê-la [Jessica, no filme], pude me orgulhar dessa personagem. Abriu espaço para eu dizer: ‘eu fiz a coisa certa’”.
Quem é Charles Cullen, o ‘enfermeiro da noite’?
Nascido em 1960, Charles Cullen é ex-enfermeiro e o serial killer mais conhecido da história de Nova Jersey, filho caçula de uma família profundamente católica. Seu pai era motorista de ônibus e sua mãe era dona de casa. Ele tentou suicídio pela primeira vez aos nove anos de idade, e teve cerca de 20 tentativas ao longo da vida.
Com a morte da mãe, ocorrida quando Cullen tinha 17 anos, ele desistiu do ensino médio e se alistou na Marinha dos EUA, em 1978, até ser dispensado em 1984. Em seguida, fez um curso de enfermaria e conseguiu um emprego no hospital St. Barnabas Medical Center em Livingston, Nova Jersey.
O primeiro assassinato do enfermeiro ocorreu em 11 de junho de 1988. O juiz John W. Yengo foi internado no St. Barnabas por conta de uma reação alérgica a uma droga para afinar o sangue. Cullen administrou uma dose letal de medicação por via intravenosa. Ele admitiu ter matado 11 pacientes em St. Barnabas, incluindo um paciente com HIV, que morreu após receber uma overdose de insulina.
Em 2006, a justiça condenou Charles Cullen pelo assassinato de 29 pessoas enquanto ele trabalhava como enfermeiro em Nova Jersey e na Pensilvânia. Acredita-se que ele seja um dos serial killers mais prolíficos da América. Hoje, aos 64 anos, ele cumpre 18 sentenças de prisão perpétua na Prisão Estadual de Nova Jersey.