Agosto Dourado: Amamentação sem relógio A amamentação em livre demanda traz mais benefícios do que em horários preestabelecidos.

Entenda como a amamentação em livre demanda contribui para o desenvolvimento do bebê e fortalece os vínculos afetivos

Aquela regrinha de que o bebê tem hora certa para mamar é coisa do passado. De acordo com o Ministério da Saúde, a amamentação em livre demanda traz mais benefícios do que em horários preestabelecidos. Mas o que representa esta prática e quais os benefícios à mamãe e o bebê?

O que é a amamentação em livre demanda?

Em poucas palavras, a amamentação em livre demanda é aquela oferecida livremente, de acordo com o desejo do bebê. “A mãe não fica contando o horário das mamadas no relógio. O neném vai mamar quando quiser e o quanto quiser. Assim que ele sentir fome, ele vai chorar e você vai oferecer a mama para ele. Assim que ele se sentir satisfeito, ele para de mamar”, explica Jéssica Trafani, ginecologista, obstetra e mastologista.

Por que optar por esta prática?

Amamentar em livre demanda estimula a produção de leite, diminuindo as chances de desenvolver mastite, ingurgitamento mamário e outros problemas relacionados à amamentação. Outros benefícios para as puérperas são a melhora na contração uterina e a recuperação pós-parto. Já para o bebê, os principais benefícios são em relação à nutrição e ao desenvolvimento. “O leite materno melhora o sistema imune, oferece nutrientes essenciais e ainda auxilia no crescimento e ganho de peso adequado.”

Além disso, ao se sentir satisfeito, o bebê se mantém calmo por mais tempo, o que garante um melhor sono”, aponta a profissional. A vantagem da amamentação em livre demanda também ajuda na prevenção da obesidade infantil, de acordo com Monique Novacek, ginecologista , obstetra e mastologista. “Aos poucos, o bebê aprende o mecanismo de comer apenas quando sente fome. Assim, ele ingere menos alimentos inadequados e em menor quantidade no futuro”, explica.

Até quando posso amamentar meu filho?

O tempo de permanência em cada mama não deve ser previamente estipulado pela mãe, já que o tempo para esvaziá-las varia de acordo com o organismo da mãe e da criança, da fome sentida pelo bebê, do intervalo entre uma mamada e outra, do volume de leite armazenado, entre outros fatores. “A amamentação deve ser oferecida ao bebê exclusivamente até o sexto mês de vida, quando a introdução alimentar começa. Mas o leite materno deve ser ofertado ao bebê pelo menos até o primeiro ano de vida do bebê”, pontua Jéssica Trafani. Com a introdução alimentar, a frequência de mamadas diminui, mas não deve ser interrompida. “Deixe o bebê escolher quando não quiser mais ser amamentado. Há casos de crianças
que passam dos 2 anos de idade e ainda amamentam, então, enquanto for desejo da criança e esse hábito se encaixar na sua rotina, você pode oferecer o aleitamento à criança”, completa Monique.

A médica recomenda que a primeira mama oferecida ao bebê precisa esvaziar antes de oferecer a outra. No início, o leite tem mais água e mata a sede, enquanto a porção final é rica em gordura, que mata a fome e faz com que o pequeno ganhe peso. Comece a amamentar pelo peito em que o bebê mamou por último na mamada anterior.

Como amamentar após o fim da licença-maternidade?

Planeje-se muito bem antes de retomar a rotina de trabalho. A licença-maternidade, por lei, tem duração de 120 dias, podendo a mãe escolher se quer tirar um tempo antes do parto ou não. Além desses dias de afastamento, a mãe tem direito a dois intervalos diários, de 30 minutos cada, para extrair o leite ou amamentar por mais 60 dias. O leite extraído pela mãe pode ser guardado por até 24 horas em refrigeração ou em por 30 dias no freezer.

Dificuldades em amamentar

Por motivos diversos, algumas mulheres podem ter dificuldades em amamentar. Para as médicas, quando isso acontece, é preciso entender a causa do problema: é falta de leite? Pega inadequada? Lesão mamária? “A mãe precisa, primeiramente, tentar de todas as formas extrair e armazenar o leite para que o filho consiga manter a alimentação com leite materno, e não com fórmulas. Mas ela também deve entender que essa dificuldade não é uma falha, a mulher não é menos mãe por não conseguir amamentar. Sempre pense que você está fazendo o melhor para o seu filho. Com a ajuda de um profissional, você encontrará a solução”, finaliza.