Alerta para pais e professoras revela: aumento do uso de dispositivos eletrônicos entre crianças afeta diretamente o desenvolvimento infantil
Telas são notebooks, celulares, tablets, itens muito utilizados por todos. E, nos últimos anos, é inegável que o uso de dispositivos eletrônicos se tornou uma constante na vida das crianças. Embora as telas possam proporcionar entretenimento e oportunidades de aprendizado, seu uso excessivo pode acarretar sérios danos ao desenvolvimento infantil.
Estudos feitos por especialistas alertam que é fundamental que pais e educadores estejam cientes dos riscos associados a esse comportamento.
Telas x crianças
Dados recentes da Sociedade Brasileira de Pediatria apontam que crianças menores de 2 anos de idade não devem ser expostas a telas, enquanto crianças entre 2 e 5 anos devem ter o tempo de tela limitado a, no máximo, 1 hora por dia.
O impacto negativo
Para o médico pediatra Dr. Ricardo de Abreu (@pediatriahumanizada), se antes havia uma suspeita dos perigos das telas, com pouca informação científica, após a pandemia, onde experimentamos um grande isolamento, comprovou-se os impactos do uso excessivo de dispositivos com mais clareza.
Estudos comprovam
“Muitas revisões foram feitas sobre o assunto, em diversos países e em diversas faixas etárias, mas as conclusões foram sempre semelhantes: o uso de tela prejudica a fala, qualidade de sono, interação social, concentração, memória de trabalho, aumenta a ansiedade e contribui para obesidade infantil, já que essas crianças estão deixando de fazer atividades físicas para embarcar de vez nas telas”, afirma o especialista.
De acordo com Dr. Ricardo, é importante ressaltar que nestes trabalhos houve comparação entre os variados tipos de telas, entretanto, e a televisão e o videogame não geraram prejuízos, além do prejuízo na qualidade de sono.
Ou seja, os estudos mostraram que o “grande mal” são mesmo os meios manuais de tela, ou seja, os celulares e os tablets.
O pediatra alerta que, por mais tentador e conveniente que seja, é essencial remover as telas das mãos das crianças. Ele reconhece que há diferentes realidades, como a falta de uma rede de apoio e o home office, que muitas vezes leva à distração das crianças com dispositivos, e permite que os responsáveis pela criança tenham mais tempo dedicado ao trabalho.
“É importante que, por mais que seja tentador e cômodo, retiremos as telas de nossas crianças. A longo prazo essas soluções momentâneas que encontramos para a distração das crianças não vão valer a pena”, alerta o pediatra.
Lembre-se: pais são exemplo
O Dr. Ricardo ressalta que as crianças frequentemente replicam os hábitos de seus pais, sendo necessário que os adultos reflitam sobre o exemplo que transmitem. Segundo ele, as famílias devem ser formadas através do convívio, da conversa, de vínculos genuínos e de brincadeiras. Ele ainda alerta que o uso aparentemente “inocente” da tecnologia pode deixar as crianças mais agitadas, com menos sono e dificuldades de concentração.
“Precisamos nos controlar, retomar o papel de modelos de leitura, em vez de sermos exemplos de noites ou refeições com celulares nas mãos. Famílias são constituídas através do convívio e da conversa, de vínculos genuínos, de interesse mútuo e de brincadeiras. O uso de início ‘inocente’, deixará a criança mais estimulada, mais agitada, com menor sono e concentração. Resultado? Uma criança mais difícil de lidar e, por ser difícil, mais uma vez a tela vai ser usada como distração e o ciclo de destruição se reinicia.”
Esse comportamento, por sua vez, pode resultar em crianças mais difíceis de lidar, ou que levam a utilização da tecnologia como uma forma de distração, perpetuando assim um ciclo vicioso e prejudicial.
Recomendações:
- É indicado limitar o tempo de tela, priorizando atividades ao ar livre e interações sociais face a face;
- O mais importante é estimular as brincadeiras que envolvam a criatividade e aprendizado ativo, ou seja, leituras, jogos de tabuleiro e atividades esportivas;
- É necessário criar um ambiente familiar no qual incentive a desconexão digital, isso significa promover mais momentos de convivência sem os dispositivos eletrônicos.
Fonte:
Dr. Ricardo de Abreu, Médico Intensivista Pediátrico pela Universidade Federal de São Paulo; Médico Pediatra pela Faculdade de Medicina do ABC, Coordenador de estágio de residência médica em pediatria e graduação em Urgências Pediátricas da Faculdade de Medicina do ABC; CEO da Clínica Sendo Criança – Clínica especializada em atendimento acolhedor, inclusivo e humano