O que é estimulação ovariana para FIV?

A estimulação ovariana é utilizada na reprodução assistida para otimizar o crescimento de múltiplos de folículos durante o ciclo menstrual. Assim, poder coletar vários óvulos ao final do processo e não apenas um, como acontece no ciclo regular.

O procedimento envolve a administração de medicamentos geralmente injetáveis, contendo hormônios como FSH e/ou LH, que são semelhantes aos produzidos pelo corpo feminino, mas em doses maiores.

Benefícios da estimulação ovariana

Segundo a especialista em reprodução humana e Diretora Médica da FERTIPRAXIS Centro de Reprodução Humana no Rio de Janeiro, Dra. Maria do Carmo Borges de Souza, esses hormônios estimulam o crescimento e desenvolvimento de múltiplos folículos ovarianos, cada um potencialmente contendo um óvulo.

“Quanto maior o número de óvulos disponíveis para a fecundação, maiores as chances da formação de embriões aptos para implantação”, explica.

A ginecologista, também membro do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida (REDLARA), da qual já foi presidente, lembra que ainda há muitos mitos sobre o procedimento como:

Aumenta risco de câncer no ovário.

“Não há nenhum estudo que comprove essa relação”.

Engorda

“O procedimento não engorda, mas você retém momentaneamente mais líquidos”.

Diminui a reserva ovariana

“Não. A estimulação ovariana otimiza o aproveitamento dos óvulos que se apresentam para utilização naquele ciclo. Usualmente eles se perderiam, visto que na estimulação normal apenas um óvulo amadurece”.

Como é feita a estimulação ovariana

O primeiro passo da Fertilização In Vitro (FIV) é a estimulação dos ovários. Acompanhada por exames de ultrassom que avaliam o crescimento e o desenvolvimento dos folículos.

A cada início de ciclo, nos primeiros dias da menstruação, uma ultrassonografia transvaginal mostra um número de pequenos folículos antrais (bolinhas pretas, que correspondem a pequenos cistos, de conteúdo líquido) na periferia dos ovários. Este grupo na sua quantidade espelha a reserva de óvulos naquele ciclo daquela mulher.

“A quantidade considerada normal vai variar com a idade e os marcadores hormonais, como o hormônio anti-mulleriano, de cada mulher. Por exemplo, uma contagem inicial de 12 folículos pode ser considerada boa para uma paciente jovem”, explica Dra. Maria do Carmo.

A cada mês que uma mulher ovula naturalmente, apenas um folículo evolui para a dominância sobre os demais. Ele absorve melhor o estímulo hormonal da hipofise e começa a crescer preparando o óvulo em seu interior.

“Em linhas gerais, ao atingir o tamanho de 14 mm ele se torna um “dominante”. Ou seja, um escolhido, que vai bloquear o crescimento dos demais. Ele cresce sozinho, amadurecendo o óvulo que está contido nele”, diz.

Otimização é o foco

A ginecologista completa que, nos procedimentos de reprodução assistida, o que se busca é a otimização dos folículos que se apresentam ao início do ciclo, fazendo com que vários consigam evoluir e não apenas um dominante.

E para fazer essa otimização, a médica diz que se estimula o crescimento de vários destes folículos, com injeções subcutâneas diárias dos hormônios produzidos pela hipófise, que são o FSH (hormônio folículo estimulante), por vezes associado ao LH (hormônio luteinizante).

Segundo a especialista, as injeções são utilizadas em média de 8 a 12 dias. E, para que não haja um rompimento inadvertido dos folículos enquanto crescem, há duas possibilidades:

“Ou acrescentamos durante todo o período dos hormônios hipofisários a ingesta de comprimidos de progesterona ou associamos uma nova medicação hormonal subcutânea a partir do momento em que aparece o primeiro dominante”, explica a médica.

Preparo importante

A especialista complementa que, quando se pretende uma transferência de embriões neste mesmo ciclo, a medicação subcutânea, denominada quimicamente de antagonistas do GnRH, é essencial, pois não atrapalha o preparo do endométrio para receber o embrião.

“Mas, se o processo planejar a transferência de embrião em outro momento, recomenda-se os comprimidos de progesterona, pois, além de tão o eficazes quanto os antagonistas na capacidade de impedir ovulações inadvertidas, mais baratos e também de mais fácil utilização. O seu único porém é que atrapalham o endométrio durante seu uso, dificultando a transferência à fresco, por isso são restritos a situações de congelamento embrionário e transferência posterior.”, finaliza.