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A falta de representatividade de minorias na arte é um problema mundial, e na Globo não era diferente. Entretanto, a emissora vem tentando corrigir disparidades nos últimos anos e, a passos lentos, porém firmes, tem avançado. Atualmente, por exemplo, as três novelas principais da emissora, das seis, das sete e das nove, respectivamente, contam com protagonistas negras. Mas não é só nas novelas que a emissora está se renovando, e o Projeto Falas é a maior prova disso.
Tudo começou com identidade…
Inicialmente, o nome desse projeto era Identidade, e ele deveria ter sido um especial da Globo para o dia 20 de novembro de 2020, o Dia da Consciência Negra. Posteriormente renomeado como Falas Negras, ele foi elaborado por Manuela Dias e dirigido por Lázaro Ramos, indo ao ar com 20 atores interpretando monólogos sobre grandes personalidades negras, entre elas Marielle Franco (Taís Araújo), Nelson Mandela (Bukassa Kabengele) e Muhammad Ali (Babu Santana).
O destaque da edição foi a atriz Tatiana Tibúrcio, que fez uma atuação comovente de Mirtes Renata, mulher que perdeu, naquele mesmo ano, seu filho de apenas seis anos, Miguel, que caiu de um prédio em Recife após a negligência de uma mulher branca. O grito da atriz enquanto narrava a morte de Miguel ia além de uma interpretação e parecia dar voz a séculos silenciados de injustiças que a população negra enfrentou e enfrenta. Por seu desempenho, Tatiana ganhou o prêmio APCA de Melhor Atriz de forma merecidíssima! Já o especial como um todo foi um grande sucesso, sendo comentado nas redes sociais durante semanas.
Múltiplos formatos
Com a ampla aceitação do público, a Globo expandiu o projeto, agora em formato de documentário, exibido em datas especiais. Um dos que mais se destacou foi o Falas Femininas, de 2024, onde mulheres famosas e anônimas contaram suas histórias e fizeram reflexões. O destaque ficou para a cantora Preta Gil, que abriu o coração sobre um dos momentos mais tristes de sua vida. Ela descobriu que seu então marido a traía enquanto enfrentava a fase mais crítica do tratamento contra um câncer de intestino. A fala de Preta levantou uma discussão importantíssima sobre homens que abandonam mulheres em situações de vulnerabilidade, algo que infelizmente é comum. Além da cantora, outras mulheres compartilharam histórias, e novamente o especial viralizou nas redes.
As falas continuam
Entre 2021 e 2024, além de novos Falas Femininas, foram exibidos também o Falas da Terra (em homenagem aos povos indígenas), Falas de orgulho (em homenagem a população LGBTQIA+), Falas da Vida (em defesa da população idosa) e um novo Falas Negras, dessa vez contando as histórias de cinco personalidades negras cujas contribuições marcaram o Brasil. Ainda em 2024, houve também o Falas de acesso, dedicado à população portadora de deficiência e apresentado pela jornalista Flávia Cintra, que é tetraplégica. Em conclusão, estamos todos ansiosos para conferir os próximos episódios dessa série incrível!
