A mudança na geração pet está diretamente ligada ao desejo de maior liberdade e flexibilidade no estilo de vida
Cada vez mais jovens adultos estão optando por ter animais de estimação em vez de filhos
Dados da pesquisa Radar Pet 2021, realizada pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan), mostram que 21% dos lares com cães pertencem a casais sem filhos. Enquanto 25% dos lares sem crianças possuem gatos como companhia. Essa tendência levanta reflexões sobre os motivos que levam tantos casais a substituírem o modelo tradicional de família pela convivência com pets.
O que leva a geração pet?
Para a psicanalista Elizandra Souza, a mudança na geração pet está diretamente ligada ao desejo de maior liberdade e flexibilidade no estilo de vida. “Criar filhos exige uma dedicação de longo prazo, enquanto os animais de estimação oferecem companhia e afeto sem tantas restrições e obrigações parentais”, analisa a especialista.
Além das mudanças culturais, questões econômicas também pesam nessa decisão. O custo de vida elevado e as despesas relacionadas à criação de uma criança – incluindo educação, saúde e lazer – fazem com que muitos casais repensem a maternidade e paternidade. Em contrapartida, manter um pet, embora também envolva gastos, ainda se mostra financeiramente mais viável.
Outro fator que comprova essa mudança de comportamento é a queda na taxa de fecundidade no Brasil. Segundo dados do IBGE, a fecundidade passou de 6,16 filhos por mulher em 1960 para 1,74 em 2020. Ao mesmo tempo, o número de animais de estimação no país cresceu 65% entre 2009 e 2019, conforme levantamento do Instituto Pet Brasil.
O concetio de família é relativo
A psicanalista Elizandra Souza destaca que essa tendência representa uma transformação na forma como as pessoas enxergam o conceito de família. “Essa nova realidade reflete um movimento social mais amplo, no qual o bem-estar individual e a realização pessoal são priorizados. Mas, independentemente da escolha, é essencial que ela seja feita de forma consciente e alinhada aos próprios desejos e condições emocionais e financeiras”, ressalta.
Com a sociedade em constante transformação, o conceito de família se reinventa. Se, antes, o ideal de felicidade estava ligado à parentalidade, hoje, o afeto e a companhia de um pet podem desempenhar um papel tão significativo quanto. Isso demonstra que as relações de cuidado evoluem junto com as mudanças culturais e sociais.
