Relacionamentos abusivos Com o fim do ano se aproximando, os casos de relacionamentos abusivos tem um aumento no número de denúncias

Um drama silencioso que aumenta no fim do ano

Com o fim do ano se aproximando, os casos de relacionamentos abusivos ganham ainda mais destaque, não apenas pelo aumento no número de denúncias, mas também pela reflexão que as datas festivas trazem à tona: o desejo por relações saudáveis e equilibradas. Um levantamento recente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou que 1 em cada 3 mulheres no Brasil já sofreu algum tipo de violência em um relacionamento. Além disso, as denúncias de violência psicológica aumentam em cerca de 20% nos últimos meses do ano, conforme dados da Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180).

Segundo a psicóloga Maria Helena Silva, especialista em relacionamentos abusivos, essa alta pode estar relacionada à intensificação da convivência durante os períodos de festas e à pressão emocional que muitas mulheres enfrentam nessa época. “O fim do ano é um momento de introspecção para muitas pessoas. As mulheres começam a perceber os padrões tóxicos em suas relações, o isolamento social e a manipulação psicológica, que são marcas típicas do abuso emocional”, explica a especialista.

Depoimento de um relacionamento abusivo

O depoimento de Priscila Santos, empresária conhecida como a “Rainha dos Reboques”, traz à luz a realidade de milhares de mulheres. “Relacionamento abusivo não é só quando bate, não. Entendam, psicológico também é crime. Eu tive um relacionamento de anos com uma pessoa abusiva. Ele colocava as ex dele contra mim. Mas eu acreditava fielmente no que ele me falava. Em uma discussão, eu precisei de dinheiro e resolvi vender um telefone meu que valia 5 mil reais. Aí ele falou assim, ‘vende pra mim por 4 mil?’ Eu aceitei.

“Chegou em casa, ele me pagou 2 mil. Eu cobrei o restante do valor e ele jogou o telefone na minha perna, propositalmente. Eu tive que ir na delegacia e fiz um BO, um boletim de ocorrência. Ele está respondendo criminalmente por isso. Esse relacionamento, eu não dava conta do quanto eu era refém daquilo. Ele começou a me isolar das minhas amizades, depois era com a minha família. Ele me tirou da minha redoma e tudo era ele, o que era melhor pra ele. Era o que fazia ele feliz. Aí veio com a ideia de cancelar a rede social. Analisando, eu vivi mais tempo em um relacionamento abusivo do que em um relacionamento de amor. Para eu sair desse relacionamento, eu precisei buscar ajuda psicológica”, desabafou Priscila.

O relato de Priscila reforça o alerta para as formas mais sutis de abuso, que muitas vezes passam despercebidas ou são naturalizadas. “A violência psicológica pode ser devastadora e muitas mulheres não reconhecem que estão em um relacionamento abusivo até que as consequências já estejam instaladas: baixa autoestima, isolamento social e dependência emocional”, complementa a psicóloga.

Como sair de um relacionamento abusivo?

A psicóloga destaca que reconhecer relacionamentos abusivos é o primeiro e mais importante passo. “Muitas mulheres têm dificuldade de identificar que estão em um relacionamento abusivo porque acreditam que violência é apenas física. A manipulação emocional, o controle e o isolamento também são formas graves de violência”, explica.

Ela compartilha algumas dicas para quem deseja romper com essa situação:

1. Reconheça o problema: Observe os padrões do relacionamento. Se você sente medo, culpa ou está constantemente se questionando se é suficiente, é um sinal de alerta.

2. Busque apoio: Converse com pessoas de confiança, como amigos, familiares ou grupos de apoio especializados em violência contra a mulher.

3. Procure ajuda profissional: A terapia pode ajudar a resgatar a autoestima e a clareza emocional para tomar decisões seguras.

4. Crie um plano de saída: Em casos de violência física ou risco à segurança, é fundamental planejar cuidadosamente a saída, garantindo que você tenha um lugar seguro para ir e apoio necessário.

5. Denuncie: Não hesite em buscar ajuda policial ou legal. O número 180 é uma ferramenta essencial para orientar e encaminhar para os serviços de proteção.

6. Reconstrua sua autonomia: Após romper o ciclo de abuso, trabalhe para recuperar a autoestima, retomar amizades e interesses pessoais que foram deixados de lado.

“A decisão de sair de um relacionamento abusivo é difícil e muitas vezes assustadora, mas é um passo fundamental para recuperar a liberdade e o amor-próprio”, conclui a psicóloga.

Se você ou alguém que conhece está passando por essa situação, procure ajuda. O Ligue 180 é um canal gratuito e sigiloso, disponível 24 horas por dia, que pode orientar e encaminhar para serviços especializados. A luta contra o abuso é uma jornada de coragem, mas é também um caminho para a liberdade e a reconstrução de uma