Superação tóxica: como isso pode impactar sua saúde mental

Em uma sociedade que valoriza a força e a superação a qualquer custo, cresce um fenômeno silencioso: a chamada cultura da superação tóxica. Para a psicoterapeuta Daniele Caetano, fundadora da Caminhos da Terapia e da Mentoria Bem Me Quero, esse padrão tem levado muitas pessoas ao esgotamento emocional e físico.

O que é superação tóxica

“A superação tóxica é quando a gente acha que tem que dar conta de tudo o tempo todo, sem nunca poder cair, chorar ou pedir ajuda. Já a resiliência saudável é diferente. È quando a gente reconhece a dor, passa por ela no nosso tempo e encontra formas de seguir. Sem precisar se cobrar de ser ‘forte’ o tempo inteiro”, afirma Daniele.

Segundo a especialista, a pressão constante para “ser forte” pode trazer sérias consequências para a saúde mental, como ansiedade, depressão e sensação de solidão. Isso acontece porque, muitas vezes, a pessoa se acostuma a engolir o que sente e a fingir que está tudo bem.

O meio digital piora isso

Nas redes sociais, esse cenário se intensifica com mensagens motivacionais em excesso.

“O problema é quando a motivação vira comparação. Você olha alguém dizendo ‘se eu consegui, você também consegue’ e começa a se culpar porque não tá no mesmo ritmo. Aí, em vez de inspirar, pesa”, alerta a psicoterapeuta.

Entre os sinais de alerta de que alguém pode estar caindo nessa armadilha estão a dificuldade em admitir quando não está bem, culpa por descansar, a repetição de frases como “eu dou conta de tudo” enquanto sente esgotamento interno e a resistência em pedir ou aceitar ajuda.

Quem pode ajudar

Daniele reforça que familiares, amigos e colegas podem apoiar sem reforçar cobranças.

“Em vez de falar ‘fica forte’, o mais importante é estar presente e dizer: ‘tô aqui se você quiser chorar, falar ou só ficar em silêncio’. O apoio é sobre presença, não sobre cobrança.”

Para evitar a toxicidade da superação, ela recomenda práticas simples de autocuidado, como descansar sem culpa, celebrar pequenas conquistas sem transformar tudo em batalha, se comparar menos e se ouvir mais, além de contar com pessoas de confiança para compartilhar o peso da vida.

“Não precisa ser forte o tempo inteiro. Tá tudo bem ser humano”, conclui Daniele Caetano.