Segundo a OMS, 1 a cada 100 mulheres sofrem da condição que dispara diversos alertas de saúde e bem-estar
A menopausa precoce, uma condição que afeta cada vez mais mulheres ao redor do mundo, tem despertado a atenção de especialistas e mulheres jovens, que muitas vezes desconhecem seus sinais e riscos. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 1 em cada 100 mulheres é afetada pela menopausa precoce, e antes dos 30 anos, a incidência é de 1 em 1.000 mulheres. De acordo com médicas especialistas, esse número vem crescendo devido a uma combinação de fatores genéticos e de estilo de vida.
De acordo com a Dra. Graziela Canheo, ginecologista e obstetra especialista em reprodução humana na La Vita Clinic, “a menopausa precoce, ou falência ovariana prematura, é definida como a ausência da menstruação por mais de 12 meses em mulheres com menos de 40 anos”. Ela explica que os ovários deixam de responder aos hormônios produzidos pela hipófise, devido a uma concentração extremamente baixa de folículos primordiais.
Causas da menopausa precoce
A Dra. Graziela destaca que, em muitos casos, não é possível identificar uma causa clara para a menopausa precoce. No entanto, ela ressalta alguns fatores que podem contribuir, como questões genéticas, doenças autoimunes, cirurgias ovarianas, tratamentos como quimioterapia ou radioterapia pélvica, e doenças que acometem os ovários, como a endometriose. “Até 30% dos casos de menopausa precoce são de origem autoimune”, afirma a médica.
Por sua vez, a Dra. Paula Fettback, ginecologista especialista em reprodução humana pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), complementa: “Muitas mulheres jovens usam métodos contraceptivos hormonais que podem mascarar os sintomas, o que torna o diagnóstico da menopausa precoce muitas vezes um desafio, sendo realizado apenas após a suspensão do uso desses contraceptivos.”
Saiba reconhecer os sintomas
Os sintomas da menopausa precoce são semelhantes aos da menopausa natural e incluem irregularidade menstrual, ondas de calor, secura vaginal, diminuição da libido, e alterações de humor, como depressão e irritabilidade. A Dra. Graziela enfatiza: “Em alguns casos, as mulheres podem ser assintomáticas, mas a menopausa provocada por cirurgias ou tratamentos quimioterápicos tende a apresentar sintomas mais intensos e de forma mais abrupta.”
Além dos sintomas físicos, os impactos da menopausa precoce se estendem à saúde emocional e mental. “A deficiência hormonal precoce pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, osteoporose e problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão”, alerta a Dra. Tassiane Alvarenga, endocrinologista e metabologista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Contudo, ao identificar os sintomas, é preciso buscar ajuda médica para entender melhor o quadro. “Muitas mulheres desconhecem os sinais e acabam não procurando tratamento. Isso pode agravar os sintomas e aumentar o risco de outras complicações de saúde”, avisa a Dra. Tassiane. Além disso, fatores como o estresse e a rotina acelerada das mulheres modernas podem influenciar o início da menopausa precoce.
Na menopausa, como fica a questão da fertilidade?
Para finalizar, a infertilidade surge como um significativo e natural efeito da menopausa precoce. No entanto, para mulheres que desejam engravidar, a Dra. Paula menciona que a fertilização in vitro com doação de óvulos é uma alternativa viável. “Se as técnicas tradicionais de indução da ovulação não tiverem sucesso, o tratamento indicado geralmente é a doação de óvulos. Depois, eles são fertilizados com o sêmen do parceiro ou de um doador, e transferindo o embrião ao útero da mãe.”