No Brasil, entre 8% e 15% dos fetos enfrentam restrição de crescimento intrauterino, enquanto o diabetes gestacional afeta de 7% a 18% das gestantes.
Esses dados ressaltam a importância de monitorar o desenvolvimento fetal durante a gestação, especialmente considerando que problemas como a insuficiência placentária e a macrossomia podem impactar a saúde do bebê. As dúvidas sobre o peso fetal são comuns nos exames de ultrassom, e a avaliação do crescimento é essencial para acompanhar o progresso da gravidez. Mas como realizam essa avaliação na prática?
Monitorando o bebê
A principal forma de monitorar o crescimento do bebê é através do percentil de peso, obtido por medições feitas no ultrassom. O percentil compara o peso do bebê com o de outros fetos da mesma idade gestacional, usando uma curva de crescimento padrão. Usando dados de fetos saudáveis, construímos essa curva para verificar se o bebê está dentro do esperado para a fase gestacional.
O percentil varia de 0 a 100, sendo o percentil 50 a média. Isso significa que, ao estar no percentil 50, metade dos bebês pesa mais e a outra metade pesa menos. Mas o percentil 50 é o “ideal” para todos os bebês?
A Dra. Marcela Xavier, especialista em medicina fetal, desmistifica essa ideia. “Muitas gestantes acreditam que o bebê deve estar no percentil 50 para ter um crescimento adequado, mas isso é um mito”, afirma. Ela afirma que fetos saudáveis frequentemente estão acima ou abaixo dessa média, pois o crescimento é influenciado por fatores genéticos. Como não existem ferramentas para prever com precisão o potencial de crescimento de cada bebê, usam-se as características físicas e a etnia dos pais como referência. Assim, o peso de um bebê de uma mãe alta será naturalmente diferente do peso de um bebê de uma mãe mais baixa.
Quando o crescimento é um alerta?
A maior preocupação deve surgir quando o bebê se encontra nos extremos da curva de crescimento. “O que realmente preocupa é quando o peso do bebê está abaixo do percentil 10 ou acima do percentil 90”, explica a Dra. Marcela. Esses extremos podem indicar condições de saúde que exigem atenção.
“Percentis muito baixos podem sinalizar restrição de crescimento intrauterino, que pode estar ligada a insuficiência placentária ou má nutrição”, detalha a especialista. Já percentis muito altos podem indicar diabetes gestacional, uma condição que requer acompanhamento rigoroso.
Além de estar nos extremos, outra questão a ser monitorada é a variação brusca no percentil ao longo da gestação. “Mudanças drásticas no percentil entre exames podem ser um alerta. O crescimento do bebê deve seguir uma curva estável, sem grandes oscilações”, destaca a Dra. Marcela.
Segundo o Ministério da Saúde, 98% das gestantes realizam ao menos uma ultrassonografia durante a gravidez, com o peso fetal sendo uma das principais preocupações. Os dados registrados no pré-natal permitem identificar alterações no percentil e tratar qualquer condição rapidamente.
“Cada bebê tem seu próprio ritmo de crescimento, por isso, é o acompanhamento médico regular garante que qualquer variação significativa seja detectada e tratada precocemente, garantindo a saúde tanto da mãe quanto do bebê”, finaliza a especialista.