Hipertensão afeta 15% de gestantes Estima-se que cerca de 15% das gestantes desenvolvam síndromes hipertensivas, que incluem hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia

Além das grávidas, a condição também afeta as mulheres em menopausa

A hipertensão arterial é uma condição crônica e multifatorial, frequentemente sem sintomas aparentes, marcada pela elevação contínua da pressão sanguínea (≥ 140 mmHg e/ou ≥ 90 mmHg). Considerada um dos principais fatores de risco metabólico, ela tem grande impacto na mortalidade geral, além de ser uma das principais causas de doenças cardiovasculares (DCV). Por ser uma doença silenciosa, pode se manifestar sem sinais perceptíveis, mas, quando surgem, os sintomas mais comuns incluem tontura, falta de ar, palpitações, dores de cabeça recorrentes e alterações na visão.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, no Brasil, estima-se que cerca de 15% das gestantes desenvolvam síndromes hipertensivas, que incluem hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia. As síndromes hipertensivas na gestação são a principal causa de morte materna no país, com taxas que podem chegar até 170 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos em serviços especializados em alto risco obstétrico.

“O acompanhamento ginecológico deve abranger todos os ciclos da vida da mulher, desde adolescência, passando pela gravidez, até a senescência. O controle da hipertensão é fundamental para saúde e bem-estar da mulher”, comenta Dr. José Maria Soares Junior, ginecologista e presidente da Comissão de Ginecologia Endócrina da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).

A hipertensão na menopausa

Ele explica que, na menopausa, há vários fatores que podem influenciar na pressão arterial sistêmica. Como o aumento de peso, a resistência insulínica e ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona – um sistema hormonal que desempenha papel essencial na regulação da pressão arterial, do volume sanguíneo e do equilíbrio de água e sais no corpo. Entre as orientações dos ginecologistas, é recomendado incluir a mudança de estilo de vida com aumento da atividade física e dieta nutricional adequada para perda de peso.

O médico acrescenta sobre a importância em avaliar a história clínica da paciente durante a consulta. Como sedentarismo, tabagismo, alcoolismo e antecedentes familiares relacionados com hipertensão arterial sistêmica e doença cardiovascular. “A avaliação antropométrica e da frequência e aferição da pressão arterial fazem parte da consulta do ginecologista. Contudo, o tratamento deve ser compartilhado com o cardiologista ou o clínico geral, que são mais aptos no tratamento desta afecção”, alerta o ginecologista, que também é palestrante do 62º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia – CBGO, que acontece de 17 a 20 de maio no Riocentro, RJ.

Avaliar os hábitos alimentares como consumo de alimentos processados e ultra-processados frequentemente são outros fatores de atenção, bem como o uso de medicamentos. “A primeira gestação é um fator de risco independente para pré-eclâmpsia”, acrescenta o ginecologista. A avaliação do índice de massa corpórea (IMC) também pode ser importante na paciente com obesidade, principalmente a mórbida. “Quando indicada, a terapia estrogênica pode auxiliar na melhora da pressão arterial”, finaliza o médico.