
Cirurgião-dentista Marcos Laboissiere fala sobre alternativas emergentes para correção das facetas e se é a melhor opção
Nos últimos anos, a manutenção das lentes de contato nos dentes se consolidou como um dos mais procurados no Brasil para harmonizar o sorriso ou corrigir imperfeições dentárias. Apesar da fama de resistentes, esses dispositivos não estão imunes a problemas. O tema causou certa curiosidade do público após a influenciadora Viih Tube contar nas redes sociais que foi ao dentista para fazer o procedimento.
Dados sobre as lentes
Um levantamento recente do Conselho Federal de Odontologia (CFO) mostra que 15% dos pacientes enfrentam fraturas ou desgastes nas lentes dentro de cinco anos após a colocação. Famosos como Gkay, Flavia Pavanelli e João Guilherme já tiveram problemas com as suas lentes de contato dental. Apesar de ser uma solução aparentemente “rápida” para quem quer melhorar a aparência dos dentes, as lentes de contato podem trazer sérias complicações se não forem bem indicadas e realizadas por um profissional qualificado e experiente. Entre as causas, traumas — como mastigar alimentos duros ou acidentes — lideram os motivos de danos, seguidos por complicações relacionadas ao bruxismo ou à adaptação inadequada, conforme aponta a Associação Brasileira de Odontologia (ABO).
Mas o que fazer quando as lentes de contato nos dentes quebra?
De acordo com o cirurgião-dentista Prof. Marcos Laboissiere, CEO da ILO Odontologia em Brasília, a resposta não é simples. “A resina composta pode ser uma solução temporária em casos específicos, como microtrincas ou fraturas menores que não comprometam a base da lente. Porém, se o dano for extenso ou próximo à região gengival, a substituição total é a única saída”, explica. O profissional ressalta que o sucesso do reparo depende da habilidade do dentista para garantir aderência e manter a estética, já que a resina tradicional não reproduz totalmente o brilho e a translucidez da porcelana.
Novidades no campo dos materiais, no entanto, estão mudando esse cenário. Laboissiere cita o uso de resinas com nanopartículas, capazes de imitar melhor a aparência natural da porcelana. “Essas inovações ampliam as opções, mas ainda esbarram na questão da durabilidade. Um reparo em resina pode durar até três anos, enquanto uma lente nova tem vida útil de uma década ou mais”, afirma, referindo-se a estudos internacionais publicados em 2023.
Enquanto uma lente de porcelana nova varia entre R$2.500 e R$5.000, o reparo com resina custa de R$ 400 a R$1.500. Laboissiere orienta: “Avalie a extensão do dano com um especialista. Se a fratura comprometer mais de 30% da lente, o ideal é substituí-la. Invista também em protetores bucais noturnos se houver bruxismo”.
Como evitar problemas
Laboissiere reforça que muitos problemas podem ser evitados com planejamento e cuidados pós-instalação. “Lentes de alta qualidade, instaladas por profissionais experientes, reduzem riscos de falhas precoces. Além disso, pacientes com bruxismo devem usar placas protetoras noturnas”, orienta.
O cirurgião-dentista também dá um recado prático: “Dentes não são ferramentas. Evite hábitos como abrir embalagens ou morder objetos duros. Essas atitudes podem poupar não apenas as lentes, mas toda a estrutura dentária”.
Para quem já enfrentou danos, a recomendação é buscar orientação rápida. “Ignorar uma trinca pode levar a complicações maiores, como infiltrações ou até perda do dente”, adverte. A chave, segundo ele, está em equilibrar as expectativas com a realidade clínica: “A odontologia estética avança, mas cada caso exige análise individual. Não existe solução mágica”.