Prematuridade extrema: especialistas explicam a os riscos A prematuridade extrema, enfrentados por bebês nascidos antes das 28 semanas de gestação, é uma condição que afeta milhares de famílias

A pequena Sofia, filha da cantora Lexa, morreu logo após o nascimento devido as complicações da prematuridade extrema

A prematuridade extrema, enfrentada por bebês nascidos antes das 28 semanas de gestação, é uma condição que afeta milhares de famílias no Brasil e no mundo. A condição virou um assunto muito comentado após a cantora Lexa revelar que a sua filha Sofia faleceu três dias após o nascimento. Especialistas explicam os riscos da prematuridade extrema e a importância do acompanhamento médico durante a gravidez.

Prematuridade extrema: os desafios da sobrevivência

Segundo a pediatra Renata Castro, bebês prematuros extremos enfrentam desafios significativos devido à imaturidade de seus órgãos e sistemas, o que pode levar a complicações graves. “São bebês muito sensíveis e delicados, com alto risco de dificuldades respiratórias, já que seus pulmões ainda não produzem surfactante pulmonar em quantidade suficiente, substância essencial para manter os alvéolos abertos e permitir uma boa oxigenação. Muitos desses bebês precisam de ventilação mecânica para sobreviver.”

Além das dificuldades respiratórias, a especialista aponta a hemorragia intraventricular como uma das complicações mais preocupantes, causada pela fragilidade dos vasos sanguíneos no cérebro imaturo. “As formas mais graves dessa hemorragia podem resultar em lesões cerebrais permanentes, afetando o desenvolvimento neuropsicomotor da criança no futuro.”

Outro fator de risco significativo é a vulnerabilidade a infecções graves, já que esses bebês possuem sistema imunológico imaturo e necessitam de internação hospitalar prolongada.

Sobrevida no Brasil e no mundo

Os avanços na medicina têm melhorado as taxas de sobrevivência de bebês extremamente prematuros, mas os desafios ainda são grandes.

  • Dados internacionais indicam que a taxa de sobrevida de bebês nascidos com menos de 28 semanas varia entre 50% e 70%, dependendo do acesso a cuidados neonatais especializados.
  • No Brasil, estudos apontam uma taxa de sobrevivência entre 40% e 60%, com melhores prognósticos em unidades de referência em neonatologia.

“O avanço das técnicas de suporte respiratório, administração de surfactante, nutrição parenteral e controle rigoroso de infecções tem melhorado significativamente a sobrevida e a qualidade de vida desses bebês. No entanto, ainda há muito a ser feito para aprimorar o atendimento neonatal no país, incluindo investimentos em infraestrutura hospitalar. Além da capacitação de equipes multiprofissionais”, reforça a pediatra Renata Castro.

A relação entre pré-eclâmpsia e prematuridade extrema

Complicações gestacionais, como a pré-eclâmpsia, são uma das principais causas de partos prematuros. A ginecologista e obstetra Dra. Patrícia Varanda explica que essa condição, embora não seja totalmente compreendida, está relacionada a problemas nos vasos sanguíneos que afetam a placenta. “A pré-eclâmpsia pode levar a um suprimento insuficiente de oxigênio e nutrientes para o bebê, aumentando o risco de restrição do crescimento intrauterino e parto prematuro. Nos casos mais graves, a única solução é o parto antecipado para preservar a vida da mãe e do bebê.”

Os fatores de risco para a pré-eclâmpsia incluem:

  • Histórico familiar da doença;
  • Primeira gravidez;
  • Idade materna inferior a 20 anos ou superior a 35 anos;
  • Obesidade;
  • Condições de saúde preexistentes, como hipertensão crônica, diabetes e doenças autoimunes.

O diagnóstico é feito com medições regulares da pressão arterial e análise de proteínas na urina. Já o tratamento pode variar de acordo com a gravidade da condição. “Em casos leves, o monitoramento constante pode ser suficiente. Em situações mais graves, é necessária a administração de medicamentos para controle da pressão arterial e, muitas vezes, a antecipação do parto para proteger a mãe e o bebê.”

Além dos riscos imediatos, a ginecologista ressalta que a pré-eclâmpsia pode ter efeitos a longo prazo na saúde da mulher, aumentando as chances de desenvolver hipertensão e doenças cardiovasculares no futuro.

Prevenção e cuidados durante a gestação

Embora nem sempre seja possível evitar a pré-eclâmpsia e a prematuridade extrema, algumas medidas podem ajudar a reduzir os riscos:

  • Alimentação equilibrada e rica em nutrientes;
  • Prática regular de exercícios físicos, sempre com acompanhamento médico;
  • Gerenciamento do estresse;
  • Sono adequado, dormindo entre 6 e 8 horas por noite;
  • Controle do ganho de peso durante a gestação.

Além disso, mulheres com diabetes devem ter um acompanhamento ainda mais rigoroso. Pois a relação entre diabetes e pré-eclâmpsia pode aumentar as complicações durante a gravidez. “Mulheres com diabetes, seja gestacional ou pré-existente, devem ter um controle rigoroso dos níveis de glicose e acompanhamento constante da pressão arterial para minimizar os riscos”, alerta Dra. Patrícia Varanda.

Um alerta para a saúde materna e neonatal

A perda da filha de Lexa traz à tona um debate importante sobre os desafios da prematuridade extrema e a necessidade de investimento em saúde materno-infantil no Brasil. O acompanhamento pré-natal adequado e o fortalecimento das unidades de neonatologia podem salvar vidas e melhorar a qualidade de vida dos bebês que nascem antes do tempo esperado. Enquanto a cantora enfrenta esse momento de luto, a história de sua filha reforça a importância do acesso à informação e a um sistema de saúde preparado para lidar com gestações de alto risco.