Se você tem enxaqueca, fique atento na Ceia de Natal Freepik

A alimentação pode influenciar a frequência, a intensidade e o controle da doença

Momento de celebração, a Ceia de Natal pode conter armadilhas para quem sofre de enxaqueca, doença crônica que atinge 15% da população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Alguns alimentos típicos desse período contêm substâncias que são estimulantes para o cérebro e podem agir como desencadeadores de crises ou cronificar a doença, aumentando a frequência, a intensidade e a duração dos episódios de enxaqueca.

“O cérebro da pessoa com enxaqueca é mais sensível e, ao receber determinados estímulos, pode entrar em sofrimento, desencadeando crises”, explica Thais Villa, médica neurologista especialista no diagnóstico e tratamento da enxaqueca.

Cuidado com temperos

Segundo Thais, entre os principais vilões estão diversas especiarias usadas no preparo de carnes, sobremesas e bebidas. O gengibre, comum em marinadas, molhos e biscoitos natalinos, é um dos termogênicos naturais mais conhecidos e pode atuar como gatilho para algumas pessoas.

Outro estimulante natural é a canela, presente em rabanadas, arroz-doce, compotas e ponches. O cuidado deve ser ainda maior quando se utilizam condimentos como a mostarda no preparo dos pratos. Esse alimento contém cúrcuma em sua composição, uma substância estimulante que pode intensificar o quadro de enxaqueca.

Estimulantes também podem ser um problema

O cafezinho servido após a ceia, assim como qualquer outra bebida com cafeína, é um estimulante bastante comum. As pessoas que sofrem de enxaqueca devem evitar sobremesas à base de chocolate, especialmente os chocolates escuros e qualquer preparação que contenha cacau entre os ingredientes, embora essas sobremesas costumem agradar.

O consumo de bebidas alcoólicas não é recomendado para pessoas com enxaqueca. O álcool dilata os vasos sanguíneos e pode desencadear dor de cabeça, um dos sintomas mais comuns da doença enxaqueca – porém não o único! Os taninos presentes nos vinhos tintos podem irritar o cérebro e, por isso, associam esses vinhos ao surgimento de crises.

“É importante destacar que o problema da enxaqueca não está nos alimentos, em nenhum deles. Porque as pessoas que não têm enxaqueca toleram muito melhor os alimentos estimulantes. A enxaqueca não é doença de causa alimentar! A alimentação pode ser um gatilho ou piorar crises”, ressalta a especialista.

“Cortar o alimento não é a única coisa a ser feita. Faz parte do processo de um plano de tratamento identificar na dieta do paciente a ingestão desses alimentos estimulantes e retirá-los. Mas não adianta fazer isso de forma isolada, a alimentação faz parte de um programa de tratamento que o paciente precisa realizar para controlar a enxaqueca e viver sem dor, como deve ser!”, completa Thais Villa.