Problema comum em nosso cotidiano, o estresse deve ser administrado para não se tornar crônico

Família, contas a pagar, trabalho, filhos… Essas áreas da vida adulta completam a nossa existência, porém, em muitos casos, podem gerar também altos níveis de estresse. Afinal, o que fazer quando um filho está dando trabalho na escola? Ou o dinheiro do nosso salário não consegue cobrir todas as contas do mês? Ainda, como lidar com aquele chefe que não reconhece nosso trabalho?

Só de imaginar já ficamos estressados e, no Brasil, somos campeões nisso! Segundo levantamento da ISMA (Associação Internacional de Controle do Estresse), o Brasil ocupa a segunda posição no mundo entre os países cuja população mais sofre com este problema. Além disso, segundo a instituição, o estresse aumentou significativamente após a pandemia.

Problema para além da vida cotidiana…

No entanto, engana-se quem acredita que somente os problemas do dia a dia causam estresse nas pessoas. Segundo Robson Hamuche, terapeuta e criador do Resiliência Humana, um site sobre cuidados e bem-estar, o estresse pode manifestar-se por uma variedade de razões. “Incluindo acidente traumático, morte ou situação de emergência. Estresse também pode ser efeito colateral de alguma doença grave. Claro, há também o estresse associado à vida cotidiana, ambiente de trabalho e responsabilidades familiares. É difícil dizer para ficar calmo e relaxado em nossas vidas agitadas. Porém, é importante encontrar formas de aliviar o estresse”, explica.

Estado de alerta: um efeito a longo prazo

Também de acordo com o profissional, o estresse a longo prazo pode deixar a pessoa em estado de alerta crônico. “Isso ocorre quando temos um trauma, seja ele qual for, quando ficamos sucessivamente nesse estado, entramos no estado de emergência, no qual tudo tem que acontecer rápido, vivendo no futuro, querendo resolver coisas que estão na frente, em que muitas vezes tomamos decisões erradas. Tudo isso por conta de algo que já nos impactou anteriormente, tirando nossa tranquilidade”, destaca.

Medo x ansiedade

O profissional também considera importante falar sobre a diferença entre a ansiedade e o medo. “Eles se diferenciam principalmente quanto às suas origens. O medo geralmente surge diante de situações ou objetos específicos. Por exemplo, medo de altura ou de aranhas. Já a ansiedade é um sentimento de resposta também a situações, mas está mais ligado à uma sensação de tensão e antecipação ao futuro”, diz ele nos explicando que a ansiedade está relacionada então ao estresse.

Impactos do estresse no corpo

  • Palpitações e dores no peito;
  • Respiração ofegante e falta de ar;
  • Fala acelerada, sensação de tremor e vontade de roer as unhas;
  • Agitação de pernas e braços, tensão muscular, tontura e sensação de desmaio, enjoo e vômitos;
  • Irritabilidade, enxaquecas, boca seca e hipersensibilidade de paladar, insônia;
  • Preocupação excessiva, dificuldade de concentração, nervosismo;
  • Medo constante, sensação de que vai perder o controle ou que algo ruim vai acontecer;
  • Desequilíbrio dos pensamentos;
  • Braço dormente e suor frio;
  • Sensação de ser um observador externo da própria vida (despersonalização) e sentir-se desconectado de seus ambientes (desrealização)

Formas de melhorar e diminuir o estresse

Para Hamuche, é importante que as pessoas adicionem em sua rotina outros afazeres como:

  • Terapia;
  • Yoga;
  • Esporte ou qualquer outra atividade que te traga para o presente, tirando você do estado da ansiedade, te acalmando;
  • Fazer o que é essencial para nós, sendo religião, interagir com filhos, família, relacionamento ou amigos, meditação;
  • Ler um livro, ou tirar um tempo para você, algo que seja prazeroso para você, nada forçado, estar presente nas suas atividades.

Problema é mais comum nas mulheres

Robson Hamuche afirma que os estudos mostram que o número de mulheres com estresse ou ansiedade, seja ele em qualquer uma das possibilidades, são maiores que os números dos homens. “Além disso, diversos estudos sugerem uma maior gravidade de sintomas, maior cronicidade e maior prejuízo funcional dos transtornos entre as mulheres. Porém explicar os motivos das diferenças entre os sexos ainda é difícil, não se tem uma conclusão sobre. Mas se fizermos uma leitura rápida do cotidiano vamos perceber que as mulheres muitas vezes possuem mais obrigações diárias do que os homens, o que pode impactar no estresse e ou na ansiedade, pois passam o dia pensando em seus diversos afazeres.”

Como posso identificar que estou com estresse crônico?

Hamuche conta que, para saber se estamos sofrendo com o estresse crônico, é preciso que fiquemos atentos a alguns sinais. “Alterações no sono, hipertensão, dor no peito, insônia, sudorese, tensão muscular, cansaço, tremores, preocupação em excesso, entre outros. Porém esses sintomas também estão ligados à ansiedade. A principal diferença entre estresse e ansiedade é que a primeira é o acúmulo de tensão e sentimentos quando não conseguimos lidar com uma situação que exige muito de nós, já a ansiedade pode ser mais que um friozinho na barriga.”
A Associação Americana de Psicologia definiu a existência de três tipos de estresse: estresse agudo, estresse agudo episódico ou estresse crônico. Além disso, existem o Transtorno do Estresse Pós traumático e o Estresse Pós-Parto. Qualquer coisa que me faz viver intensamente e por um grande período pode ser identificado como algo crônico. Então se estou sem dormir, ranjo meus dentes, algo está me incomodando e tirando meu equilíbrio, transformando minhas reações, ou seja, tirando a autenticidade, são sinais que você tem estresse crônico”, completa.