
O trabalho ocupa uma parte significativa da vida das pessoas e, cada vez mais, os profissionais têm buscado algo além da remuneração no dia a dia. O desejo de alinhar carreira, valores pessoais e realização tem feito crescer a discussão sobre propósito no ambiente corporativo, sobretudo com a chegada das novas gerações ao mercado de trabalho. O que será que trabalhar com propósito faz pelo seu bem-estar?
A nova geração quer trabalhar com propósito
De acordo com o estudo “2025 GenZ and Millennial Survey”, da Deloitte, uma das maiores empresas de consultoria e auditoria do mundo, até 2030, a Geração Z (nascidos entre 1995 e 2006), e os Millennials (nascidos entre 1983 e 1994) representarão cerca de 74% da força de trabalho global. E esse grupo tem sustentado novas expectativas com mais afinco, isso porque, segundo o levantamento, 89% dos jovens Geração Z e 92% dos Millennials afirmam que ter propósito é fundamental para se sentirem satisfeitos no trabalho.
Segundo Rennan Vilar, diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional, propósito não é um conceito abstrato, mas uma ferramenta prática de autoconhecimento e conexão. “Trabalhar com propósito não significa ter um emprego perfeito ou um cargo de prestígio, mas compreender o que te move, reconhecer os valores dos quais você não abre mão e buscar um ambiente que permita colocar isso em prática”, afirma o executivo.
Bem-estar e produtividade andam juntos
Embora algumas pessoas possam considerar que buscar um trabalho com propósito seja uma preocupação típica de uma Geração Z tida como idealista, e sem tanto impacto real, Vilar acredita que a conexão entre propósito e trabalho pode gerar efeitos positivos tanto para o profissional quanto para a empresa. Isso porque, colaboradores que encontram sentido no que fazem tendem a relatar mais motivação e menor desgaste emocional.
“Quando o trabalho está desconectado do que consideramos importante, surge a sensação de vazio, que impacta a saúde mental e pode até levar ao adoecimento. Já quando o profissional se sente parte de algo significativo, o bem-estar cresce e, naturalmente, a produtividade acompanha”, explica.
Além de gerar impacto na vida individual, o propósito se reflete na performance das empresas. Equipes engajadas tendem a ser mais colaborativas, criativas e resilientes diante de desafios. “Propósito e resultado não são opostos. Pelo contrário, um trabalho com sentido fortalece tanto o indivíduo quanto a organização”, acrescenta Vilar.
Como identificar o que realmente te move
Para muitas pessoas, sobretudo em momentos de crise ou instabilidade, pode ser difícil identificar qual caminho seguir. Nesses casos, o diretor recomenda começar com reflexões práticas:
1) Quais foram os momentos da minha trajetória em que me senti mais realizado?
2) Quais valores não abro mão no ambiente de trabalho?
3) Em que tipo de cultura organizacional consigo ser mais criativo e produtivo?
4) O que me faz sentir que estou contribuindo de forma relevante?
5) Que atividades ou projetos me dão energia e vontade de ir além, mesmo nos dias mais desafiadores?
“Essas perguntas ajudam a enxergar padrões e a entender quais escolhas fazem sentido. O propósito não surge de fora, mas da clareza que cada profissional desenvolve sobre si mesmo”, reforça.
O papel das empresas nessa jornada
Se a busca pelo propósito é individual, o papel das organizações é coletivo. Para Vilar, cabe às empresas criar ambientes que não esgotem seus profissionais e que incentivem relações de confiança. “Lideranças que acolhem, oferecem segurança psicológica e reconhecem o esforço diário ajudam os colaboradores a viver seu propósito dentro do trabalho. Isso fortalece vínculos e traz mais equilíbrio para todos”, afirma.
Segundo o executivo, investir em cultura saudável, comunicação transparente e opções de flexibilidade são alguns caminhos para apoiar essa transformação. “Não se trata de oferecer benefícios superficiais, mas de construir coerência entre discurso e prática”, conclui.