Síndrome dos ovários policísticos na menopausa traz riscos

O alerta é de endocrinologista da SBEM-SP

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma condição crônica que acompanha a mulher ao longo da vida — e seus efeitos não desaparecem com o fim do período reprodutivo. Durante a transição para a menopausa (climatério), o quadro pode se tornar ainda mais complexo, devido ao aumento de fatores de risco metabólicos e cardiovasculares.

Segundo Larissa Garcia Gomes, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional São Paulo (SBEM-SP), a redução do estrogênio na menopausa se soma às alterações já provocadas pela SOP. Isso potencializa problemas como hipertensão, resistência insulínica, diabetes tipo 2, dislipidemia e doença hepática gordurosa.

“A síndrome dos ovários policísticos é uma doença da vida inteira. Nas fases iniciais, chamam mais atenção os sintomas de hiperandrogenismo — como acne, hirsutismo e irregularidade menstrual. Já na menopausa, o foco se volta para o aumento das comorbidades metabólicas e cardiovasculares”, explica a médica.

Estudos sobre a síndrome dos ovários policísticos na menopausa

Estudos indicam que mulheres com SOP têm até quatro vezes mais risco de desenvolver diabetes. Além de apresentarem maior prevalência de hipertensão, apneia do sono e síndrome metabólica. Ainda não há evidências conclusivas de que a síndrome eleve a mortalidade cardiovascular, mas os marcadores indiretos de risco — como espessura da artéria carótida e escore de cálcio — costumam ser mais altos nesse grupo.

“Essas pacientes merecem uma avaliação detalhada do risco cardiovascular, incluindo exames metabólicos, de função hepática e de apneia do sono. Também é importante aplicar escores atualizados de risco, como a nova equação Prevent, que considera parâmetros mais amplos, incluindo microalbuminúria, lipoproteína A e proteína C reativa”, orienta Larissa.

Avanços no tratamento e perspectivas futuras

De acordo com a especialista, a grande novidade no manejo clínico da SOP nessa faixa etária é o uso de agonistas de GLP-1 e agonistas duplos ou triplos, medicamentos originalmente indicados para diabetes e obesidade, mas que mostram potencial para melhorar o metabolismo.

“Essas drogas são fortes candidatas para o tratamento de mulheres com síndrome dos ovários policísticos e risco metabólico elevado. Estudos em modelos animais têm mostrado melhora tanto dos parâmetros metabólicos quanto da função reprodutiva”, comenta.

A médica reforça, contudo, a importância de um diagnóstico criterioso, evitando rotular pacientes apenas com base em ultrassonografia.

“É fundamental confirmar o diagnóstico ainda na idade fértil, pois ele orienta o acompanhamento por toda a vida. Uma vez identificada, a SOP deve ser considerada um fator adicional de risco cardiovascular, guiando o grau de investigação e a intensidade das medidas preventivas”, conclui a médica endocrinologista.