Você já viveu aquele momento em que estava tão envolvido em uma atividade que nem percebeu o tempo passar? Quando tudo parecia fluir com naturalidade, sua mente estava completamente focada e o prazer era tão grande quanto a concentração? Essa experiência tem nome: flow.
Segundo a psicóloga clínica Adrielle Camargo, o flow é “um estado mental de imersão total em uma atividade que proporciona prazer, foco e uma sensação de competência. É quando estamos presentes de verdade no que estamos fazendo”. O conceito, desenvolvido pelo psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi, hoje é considerado um dos pilares da psicologia positiva.
Tudo exige equilíbrio
Para entrar nesse estado, no entanto, é preciso encontrar o equilíbrio entre desafio e habilidade. “Se a tarefa é fácil demais, ficamos entediados. Se é muito difícil, surge a frustração. O flow acontece exatamente no meio disso, quando o desafio exige esforço, mas está ao nosso alcance”, explica Adrielle.
Diferentemente do que muitos pensam, o flow não está restrito ao trabalho ou ao estudo. Ele pode surgir em momentos de lazer, como ao pintar, cozinhar, praticar esportes ou até jogar videogame. “O que muda é a motivação. No trabalho, a gente busca um resultado, no lazer buscamos prazer. Mas o estado de flow é possível em qualquer contexto em que haja envolvimento e atenção plena.”
Apesar de tudo, existem os inimigos
Entre os principais obstáculos estão a ansiedade, as distrações constantes e o hábito de fazer várias coisas ao mesmo tempo. “A ansiedade nos projeta para o futuro e o flow exige presença. Já as notificações, o excesso de estímulos e a multitarefa nos desconectam da experiência”, alerta.
Mas é possível treinar a mente para entrar em flow com mais frequência. Algumas práticas simples fazem diferença. “Criar um ambiente sem interrupções, ter objetivos claros, dividir tarefas em etapas e praticar atenção plena são atitudes que favorecem o flow no dia a dia.”
Estado de flow pode se tornar aliado para lidar com transtornos
E para quem lida com TDAH ou ansiedade, a boa notícia é que o flow também pode ser vivido — com ajustes. “Muitas pessoas com TDAH, por exemplo, experimentam o hiperfoco, que é muito parecido com o flow. A chave está em encontrar o tipo de atividade que engaja, respeitar o ritmo pessoal e, se for o caso, buscar apoio psicológico.”
Em um mundo acelerado, cultivar isso é mais do que uma ferramenta de produtividade: é um caminho para o bem-estar. “Estar em flow é estar inteiro. E essa presença, hoje em dia, é quase um ato de autocuidado”, finaliza a psicóloga.
