Qual a diferença entre diabetes tipo 1 e tipo 2?

As diferenças vão desde os sintomas, fatores de risco e tratamentos

No Brasil, dados do Ministério da Saúde indicam que mais de 16 milhões de brasileiros têm diabetes, número que cresce de forma preocupante, impulsionado pelo sedentarismo, má alimentação e obesidade. Por isso, é fundamental entender qual tipo de diabetes você (ou alguém próximo) tem para saber o que está acontecendo com o corpo, por que está acontecendo e, o mais importante, como tratar a condição da forma certa. Cada tipo tem suas particularidades que devem ser compreendidas para um tratamento e controle eficaz da doença.

O que é diabetes?

Mas, primeiro, vamos entender o que é diabetes. Nosso corpo usa a glicose, um tipo de açúcar, como principal fonte de energia. Esse açúcar vem principalmente da alimentação e da produção feita pelo fígado em momentos necessários para equilibrar os níveis de glicose no sangue. Uma vez na corrente sanguínea, a glicose fica disponível para todas as outras células do corpo, que a usam para realizar suas funções. No entanto, para que a glicose saia do sangue e chegue até as células, o corpo precisa da insulina, um hormônio fabricado pelo pâncreas¹.

A insulina é fabricada por células pancreáticas chamadas de islet cells. Em condições normais, o pâncreas produz insulina na medida certa, ajudando a glicose a entrar nas células e manter os níveis de açúcar equilibrados. Quando essas células param de funcionar, o corpo deixa de produzir o hormônio corretamente, causando diabetes. A principal diferença entre diabetes tipo 1 e tipo 2 é o motivo pelo qual o pâncreas deixa de produzir a insulina.

Diferenças entre diabetes tipo 1 e tipo 2

O diabetes tipo 1 representa cerca de 8% dos casos e está relacionada a uma resposta autoimune do corpo. Isso significa que o próprio sistema imunológico da pessoa ataca e destrói as islet cells responsáveis pela insulina. Sem insulina, a glicose fica no sangue, sem conseguir entrar nas células, causando hiperglicemia, fraqueza, cansaço e outros sintomas. Por conta da característica autoimune, essa versão da doença costuma aparecer na infância ou adolescência, embora possa surgir em qualquer idade³.

No tipo 2, que representa 90% dos casos, o corpo até produz insulina, mas não o suficiente. Além disso, as células do organismo passam a não responder bem ao hormônio. É o que chamamos de resistência à insulina. Essa versão da doença se desenvolve ao longo de vários anos e está frequentemente relacionada ao estilo de vida, como sedentarismo e alimentação rica em açúcares e carboidratos.

Fatores de risco

Mesmo assim, em ambos os tipos de diabetes o resultado é o mesmo: excesso de glicose no sangue e risco para a saúde. O que muda são as causas, os sintomas e as formas de tratar. Os fatores de risco para diabetes tipo 1 ainda não são totalmente conhecidos. Mas sabe-se que histórico familiar, idade (especialmente infância e adolescência) e fatores genéticos aumentam as chances de desenvolver o tipo 1.

Já no diabetes tipo 2, os fatores de risco estão mais bem definidos, como pré-diabetes (níveis de glicose no sangue elevados), excesso de peso, especialmente na região abdominal, vida sedentária, idade acima dos 45 anos, histórico de diabetes gestacional, ter tido um bebê com mais de 4 kg ao nascer, histórico familiar de diabetes tipo 2 e síndrome dos ovários policísticos (SOP). Além disso, pessoas com diabetes tipo 1 não estão imunes ao tipo 2. 

De acordo com o cardiologista Jairo Lins Borges, médico consultor da Libbs, “um estilo de vida com uma alimentação desbalanceada e sedentarismo pode levar à pessoa a desenvolver resistência à insulina, obesidade e, por fim, diabetes”.

Sintomas

Os sintomas do diabetes tipo 1 costumam surgir de forma rápida. Já no tipo 2, eles aparecem de forma mais lenta e, muitas vezes, passam despercebidos. Entre os sinais mais comuns dos dois tipos da doença estão¹ sede excessiva, fome frequente, fadiga, visão embaçada, irritabilidade, vontade de urinar com frequência, e dores de cabeça. “O diabetes é uma doença sem cura, mas que pode ser controlada de forma muito efetiva com o acompanhamento médico adequado e ajustes no estilo de vida”, afirma Borges.

Tratamentos

Por terem causas diferentes, os dois tipos de diabetes também são tratados de formas distintas. No tratamento do diabetes tipo 1 o uso diário de insulina é uma exigência. Isso inclui o controle da alimentação (principalmente carboidratos e açúcares) e o ajuste constante das doses de insulina para manter a glicemia sob controle.

No diabetes tipo 2, o tratamento pode variar. Em casos leves, o controle pode ser feito apenas com mudanças no estilo de vida, como na alimentação, prática de exercícios e controle do peso. À medida que o tempo passa, o pâncreas pode reduzir ainda mais a produção de insulina, agravando a doença. Nesses casos, o uso de medicamentos orais ou injeções de insulina pode se tornar necessário².

Por ser uma doença autoimune e ter causas ainda pouco conhecidas pela medicina, não há formas de prevenir o diabetes tipo 1. O tipo 2, no entanto, pode ser prevenido e até colocado em remissão com mudanças consistentes de hábitos. Mesmo quando a condição não pode ser evitada, “o diagnóstico precoce e o tratamento correto ajudam a manter a qualidade de vida e prevenir complicações”, completa Borges.