Mari Becker abre o coração sobre alegrias e aprendizados na F1 Arquivo pessoal

Com carreira dedicada à Fórmula 1, Mari Becker abre o coração sobre as alegrias e aprendizados como repórter

“Eu exigia muito de mim mesma no início e, às vezes, chegava a me sabotar pelo excesso de autocrítica. Romper com a crença de que os homens eram ‘os que entendiam’ de F1 exigiu convencimento. Não só convencer os outros, mas também convencer a mim mesma”, revela a repórter Mariana Becker. Mas nada pode parar uma mulher depois que ela reconhece seu valor e, com isso, já são cerca de 18 anos dedicados a cobrir o mundo das pistas e motores, com passagens marcantes pela Rede Globo e pela Bandeirantes.

“Me sinto feliz por poder estimular e acolher mulheres em um espaço em que elas antes não se sentiam à vontade. Felizmente, hoje há muito mais mulheres em várias áreas onde antes não se via. Além de repórteres, há advogadas em posições decisórias, engenheiras, mecânicas… E, de certa forma, isso se reflete na minha vida também. Penso que hoje vivo um dos momentos mais importantes da minha carreira”, reflete. Em entrevista exclusiva para a Guia da TV, ela conversou sobre seu legado no jornalismo esportivo.

Humanizar sempre

Conhecida por unir técnica e humanidade, Mari parte do pressuposto de que compartilhar informação sempre faz bem, postura que mantém dentro e fora das pistas, desde quando entrevista um piloto até quando incentiva que outras mulheres se apropriem do sonho de crescer no jornalismo. “Sempre tentei também trazer a ideia de que as pessoas e a vida não são perfeitas. Ou melhor, são perfeitas nas suas diferenças, peculiaridades, detalhes. Até na aparência, na forma de falar. Ou nos sucessos que não são constantes e eternos. A gente e os ídolos de quem falamos têm momentos variáveis e é importante que a gente entenda e aceite. Isso nada tem a ver com a capacidade profissional de buscar excelência no que faz. O objetivo é sempre ser o melhor possível”, pontua.

Deixando fluir

Referência internacional na cobertura do automobilismo, por incrível que pareça, cobrir a Fórmula 1 não era exatamente o sonho da repórter quando ela se formou em jornalismo, nos anos 1990. “Nunca planejei muito. As coisas foram acontecendo. No meu caso, eu sempre gostei do que era novo, inexplorado e de viajar pelo mundo, e ao cobrir a F1 tudo isso acabou se encontrando. Brinco que sou como um cão de pastoreio, levando as ovelhas mais pra cá ou pra lá… Minhas ovelhinhas foram indo pra lá. Às vezes com percalços, às vezes tendo que pular muitas barreiras, mas foram indo”, narra.

Uma das pouquíssimas repórteres a cobrir continuamente o esporte, atualmente Mari segue em uma nova etapa da carreira, com o fim da transmissão da Fórmula 1 pela Band em 2026 — emissora onde atuou desde 2021 — e afirma que planeja continuar acompanhando a modalidade. “Agora me vejo numa fase em que me sinto totalmente à vontade neste meio, em que me interesso e compreendo cada vez mais. Posso usufruir do conhecimento que o tempo me dá, mas ainda me sinto no auge do meu humor e da minha capacidade física. Ter vivido tantos momentos marcantes na história do esporte é extremamente gratificante”, conclui.


Ana Carvalho

Repórter de revista e portal na Editora Alto Astral. Bacharela em jornalismo e pós-graduada em Comunicação e Mídia pela Universidade...