Dermatologista alerta para riscos ignorados, inclusive na infância
Dezembro Laranja chega em 2025 com um alerta incômodo: o câncer de pele segue crescendo em ritmo acelerado. Projeções recentes publicadas no PubMed (2025) estimam mais de 105 mil novos casos de melanoma invasivo apenas nos Estados Unidos este ano, um reflexo direto do aumento da exposição ao sol e da falsa sensação de segurança trazida pelos hábitos atuais.
Para o dermatologista @drgustavonovaes, a raiz do problema é antiga. “A exposição solar sempre foi um risco, o que mudou não foi o sol, mas o nosso comportamento. Hoje sabemos que qualquer bronzeado é um sinal de dano: é a pele tentando se defender da radiação UV”, afirma. Ele explica que, historicamente, o bronzeado só virou moda no século XX, especialmente após os anos 1920, quando surgiu como símbolo de beleza e status e nunca mais perdeu força. “Não existe bronzeado saudável. Mesmo com protetor, ainda há dano celular.”
Protetor solar ajuda, mas não faz milagre
Muitos acreditam que aplicar FPS alto libera longas horas sob o sol. O médico é direto: “O protetor solar reduz, mas não elimina os danos. FPS 50 bloqueia parte dos UVB, mas nenhum filtro bloqueia 100% dos raios UVA, que são os principais responsáveis pelo câncer de pele.”
Segundo Novaes, a forma realmente segura de aproveitar o sol envolve evitar a exposição entre 10h e 16h, reaplicar o produto a cada duas horas e usar barreiras físicas como chapéu, óculos e roupas com proteção UV.
Riscos pouco conhecidos, mas igualmente perigosos
Além do sol, Gustavo destaca fatores silenciosos que aumentam o risco e passam despercebidos. “Câmaras de bronzeamento artificial, proibidas no Brasil desde 2009, aumentam muito o risco de melanoma. Imunossupressão, cicatrizes e queimaduras antigas também podem originar tumores. Até o lado esquerdo do corpo de motoristas que passam anos na estrada está mais suscetível.”
A infância: o ponto cego mais perigoso do câncer de pele
A campanha de 2025 dedica atenção especial às crianças e por bons motivos. Estudos recentes mostram que aproximadamente 25% da exposição solar de toda a vida ocorre antes dos 18 anos e que a pele infantil é mais fina, tem menos melanina e maior área de superfície proporcional ao corpo, tornando-a muito mais vulnerável aos efeitos tóxicos da radiação UV. “Cada queimadura solar na infância pode aumentar muito o risco de melanoma no futuro. A infância é uma fase crítica: até 80% da radiação acumulada ao longo da vida acontece antes dos 18 anos”, reforça o dermatologista.
Dados assustadores
Pesquisas publicadas em 2025 no International Journal of Environmental Research and Public Health ainda classificam a infância e adolescência como “períodos de vulnerabilidade crítica”, em que os danos provocados pelo sol são mais profundos e permanentes. Outra análise divulgada pela mesma base científica destaca que bebês e crianças têm maior risco de efeitos imediatos e tardios pela menor espessura da pele e pela baixa concentração de melanina protetora.
Como se não bastasse, segundo o dermatologista, os tumores de pele muitas vezes se disfarçam de coisas simples e passam anos despercebidos:
- Feridas que não cicatrizam;
- Manchinhas que mudam de cor;
- “Espinhas” que nunca somem;
- Áreas ásperas que descamam;
- Pintas irregulares segundo o critério ABCDE.
“Muitos ignoram porque não dói, é pequeno ou está em áreas escondidas. Mas qualquer lesão nova, persistente ou que muda deve ser avaliada”, reforça.
Avanços no diagnóstico do câncer de pele existem — mas prevenção ainda é o que salva
A boa notícia é que o diagnóstico tem se tornado mais preciso com dermatoscopia digital, mapeamento corporal total e sistemas auxiliados por IA. No tratamento, a imunoterapia revolucionou o melanoma avançado, e as terapias-alvo transformaram casos antes considerados graves.
Ainda assim, o médico reforça que nada supera o básico. “Evitar queimaduras é a melhor prevenção que existe. As queimaduras na infância podem resultar em um Melanoma no adulto.” No entanto, seja para adultos ou crianças, o recado é o mesmo:
- Evitar horários críticos;
- Aplicar e reaplicar protetor;
- Usar barreiras físicas;
- Desconfiar de qualquer ferida que não cicatrize;
- E procurar o dermatologista ao menor sinal de mudança na pele.