Oftalmologista: quando devo levar meu filho? Um exame oftalmológico completo pode ser feito pelo oftalmologista nas crianças entre 6 a 12 meses de vida.

Médica faz orientações sobre os momentos corretos de procurar um profissional

Consultas com oftalmologista são fundamentais. De acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmopediatria (SBOP) em sua última recomendação, divulgada em 2021, “um exame oftalmológico completo pode ser feito pelo oftalmologista entre 6 a 12 meses de vida. Além disso, pelo menos um exame oftalmológico completo deve ser realizado entre 3 e 5 anos de idade, preferencialmente aos 3 anos”.

De acordo com Juliana Rosa, médica oftalmologista e consultora da HOYA Brasil, essa recomendação quer dizer que, sempre que possível, é necessário realizar o exame até os 12 meses, mas quando isso não for possível, obrigatoriamente, o exame de 3 a 5 anos tem que ser feito. “Essas recomendações possuem o objetivo de evitar que haja alguma falha no desenvolvimento neurológico da visão, já que essa ocorre nos primeiros anos de vida. O diagnóstico precoce de graus muito altos, desvios oculares, diferenças de grau entre os olhos e outras questões possibilita o tratamento em tempo hábil para evitar que o olho não se desenvolva da melhor forma”, explica.

Como saber se meu filho tem problemas de visão?

Como muitas vezes as crianças não conseguem expressar o que sentem, elas não têm percepção do que é uma visão boa ou ruim. Por isso, a melhor maneira de identificar problemas oculares nos pequenos é por meio de consulta de rotina com o oftalmologista. “É importante que essa consulta seja realizada periodicamente para avaliar se a visão da criança está se desenvolvendo normalmente”, aponta.

Além disso, Juliana aconselha os responsáveis a ficarem atentos a sinais e sintomas que possam estar relacionados a algum problema visual como: (I) coçar os olhos, (II) apertar os olhos, (III) piscar muito,
(IV) dores de cabeça, (V) problemas de aprendizagem, (VI) episódios de agitação ou aparente desatenção, (VII) dificuldades na locomoção ou quedas frequentes. A oftalmologista ainda ressalta que muitos responsáveis acabam não levando a criança ao oftalmologista pois acham que o médico não conseguiria realizar o exame por causa da idade, mas isso não é verdade.

“É possível realizar um exame muito completo, com inspeção dos olhos e anexos, avaliação da função visual apropriada para a idade, avaliação da motilidade e alinhamento ocular, refração sob cicloplegia e avaliação do fundo de olho dilatado”, revela.

Diagnóstico tardio é prejudicial de acordo com oftalmologista

Assim como em várias outras áreas da saúde, na oftalmologia o diagnóstico tardio pode ser prejudicial. “Em casos de doenças mais graves como tumores, o diagnóstico precoce pode salvar a vida da criança, mas felizmente esses casos graves são raros. Nosso maior medo em relação aos casos mais comuns do dia a dia é que a criança chegue tarde ao consultório, após a fase em que ainda é possível estimular o desenvolvimento neurológico da visão”, diz.

Um exemplo oferecido pela oftalmologista, é uma criança que tenha um grau muito maior num olho do que no outro. “Essa criança pode não se queixar de nada, mas seu cérebro está desenvolvendo mais a visão do olho que já enxerga melhor (de menor grau). O olho de pior visão (maior grau) pode não se desenvolver da mesma forma, o que chamamos de ambliopia (popularmente conhecido como ‘olho preguiçoso’)”, completa.

Ou seja, quando a criança chega no consultório ainda pequena, é possível fazer a correção do grau com óculos, em alguns casos usar tampão ocular, e com esses tratamentos estimular o desenvolvimento da visão igualmente nos dois olhos. “Quando a criança chega tarde, muitas vezes não é possível e ela se transforma em um adulto com visão baixa em um dos olhos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, em todo o mundo cerca de um bilhão de pessoas apresentam algum problema ocular que poderia ser evitado ou tratado.”

As telas são inimigas

Muito tempo de tela pode prejudicar a visão, já que as telas apresentam um impacto direto na visão das crianças e adolescentes. E, com isso, há uma preocupação crescente com possíveis danos no desenvolvimento visual. “Os casos de miopia têm crescido em todo o mundo e o uso excessivo da visão
de perto (não só nas telas) é um dos vilões. O uso por muitas horas estimula o crescimento do olho, aumentando a miopia. Essa é uma questão que os oftalmologistas têm estudado muito e na consulta orientamos as famílias em relação às mudanças de comportamento e aos tratamentos disponíveis. Pois
a miopia (especialmente quando mais alta) pode levar a alterações da retina e baixa visão. Hoje, temos bons tratamentos para controlar esse aumento da miopia, mas evitar esse uso excessivo da visão de perto é também fundamental”, aponta Juliana.

Outros sintomas que as crianças vêm apresentando cada vez mais por causa do tempo excessivo de tela são olho seco e cansaço visual. “Isso ocorre porque durante a exposição da tela, piscamos menos do que o necessário, diminuindo a lubrificação. É fundamental fazer pausas periódicas para descansar a visão e melhorar a lubrificação. A cada 20 minutos usando a visão de perto deve-se desviar o olhar para algo a aproximadamente seis metros de distância (20 pés) e fixar a visão por 20 segundos (chamamos isso de 20/20/20)”, aconselha a oftalmologista.

Você sabia que bebês podem nascer com problemas de visão?

Juliana explica que essas doenças infecciosas ocorrem devido a contaminações contraídas ainda na gestação. Por isso, o pré-natal exige atenção, com acompanhamento contínuo de um especialista para identificar qualquer problema com o bebê. “Além disso, a gestante deve adotar alguns cuidados, como lavar bem verduras e legumes, evitar alimentos crus para prevenir toxoplasmose, manter a higiene das mãos para se proteger contra herpes, entre outras medidas.”

Agora, em relação ao diagnóstico, o teste do reflexo vermelho (ou teste do olhinho) é realizado ao nascer, até 72 horas de vida. E repetido pelo pediatra pelo menos três vezes ao ano durante os primeiros 3 anos de vida. “A falha de visualização ou anormalidades do reflexo são indicações para um encaminhamento urgente para um oftalmologista. Esse teste pode detectar o retinoblastoma (um tumor ocular grave), catarata congênita, glaucoma congênito, dentre outras alterações. É importante dizer que esse teste é fundamental mas não detecta outras alterações oculares que só são diagnosticadas na consulta de rotina com o oftalmologista.