Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 340 milhões de crianças e adolescentes apresentam sobrepeso e obesidade
O Brasil está em 5o lugar entre os países com maior número de crianças e adolescentes com obesidade até 2030, segundo o Atlas Global e Obesidade Infantil de 2019. Dados do Ministério da Saúde apontam que uma em cada três crianças está com sobrepeso ou obesidade no País.
As telas dos smartphones e o videogame, aliados à baixa qualidade nutricional dos alimentos consumidos pelas crianças e a falta de exercícios físicos, contribuem para que a obesidade infantil atinja patamares assustadores. “O sobrepeso nas crianças está associado a má alimentação. Como o excesso de ultra-industrializados e, alimentos ricos em açúcar e gorduras saturadas. Mas também o sedentarismo, que é um fator importante para o desenvolvimento de sobrepeso em crianças”, aponta a endocrinologista Lorena Amato.
Saúde em risco
A obesidade oferece os mesmos riscos para as crianças e adolescentes do que para os adultos. Só que a possibilidade de desenvolver doenças crônicas associadas ao excesso de peso, é maior para os pequenos do que para os mais velhos.
“As complicações da obesidade são: diabetes, hipertensão, risco cardiovascular (infarto e AVC), além dos cânceres associados à obesidade”, explica a médica.
Mas quando falamos em obesidade infantil, a saúde mental também precisa entrar em pauta. Já que as crianças estão em fase de desenvolvimento social e, infelizmente, ainda sofrem bullying por causa da aparência. “Tem também a dificuldade de eventualmente participar de uma atividade física, devido ao sobrepeso, que leva a dores e cansaço. E isso também, traz uma dificuldade de inclusão que vai trazer abalos psíquicos para essa criança ou adolescente”, completa.
Mudança no estilo de vida
Mudar todo o estilo de vida de uma criança não é nada fácil, principalmente porque você está tirando algo que ela adora e está acostumada, mas o processo é necessário. O primeiro passo para a criança se alimentar bem, é que o adulto responsável por ela, também se alimente bem. “Não tem como você exigir que uma criança se alimente bem, se não há exemplo, se no ambiente em que ela convive não tem uma alimentação saudável, e apenas ela tem que comer diferente”, comenta Lorena.
Então, nessa fase, vai ser preciso aprender a lidar, muitas vezes com as reclamações, mas é algo realmente necessário para um estilo de vida saudável. O mesmo é válido para a atividade física, que precisa vir com um exemplo. “Realmente isso é algo que tem que ser inserido, é claro que com crianças, o ideal é que elas escolham algo que elas gostam, caso a criança diz que não gosta do nada, aí o recomendado é adaptar, dando sempre exemplo”, explica.
Dificuldade faz parte
A médica entende que encontrar dificuldade no processo faz parte, já que os alimentos gordurosos, como hambúrgueres, pizza, sorvetes, foram feitos para viciar. Então, ao fazer a troca por frutas e verduras, não vai ser um processo fácil, intuitivo e natural, ao contrário será e precisa ser algo ativo e com esforço, que vai passar pelo desconforto, e por isso, o adulto também tem que dar exemplo, porque eles passam por essa dificuldade também.
“O adulto envolver a criança no preparo dos alimentos saudáveis, como também falar ‘Olha, eu também tenho essa dificuldade, me ajuda para que a gente possa ficar mais saudável juntos’, é uma forma bacana de compartilhar com a criança seus sentimentos e gerar igualdade”, completa Lorena.
Inovação na cozinha para combater a obesidade infantil
Existem também opções mais palatáveis para a criança aceitar, como receitas de bolos, salgados e afins. Mas com alimentos naturais e mais saudáveis, ricas em proteínas e com legumes, fazendo ser mais atrativo do que fazer com que a criança coma de uma vez a salada. “Para depois, ela poder fazer uma transição tranquila. É bom trazer a escola também, ver o tipo de alimentação que eles oferecem, já que se a criança está repleta de ambientes e pessoas com alimentações saudáveis, ela vai naturalmente comer melhor. O mesmo vale para atividade física, fazer transições com calma”, finaliza a médica.