Uso de telas: precisamos falar sobre os perigos Foto: Shutterstock

O brasileiro passa aproximadamente 16 horas do dia acordado, mas um levantamento feito pela plataforma Electronics Hub, a partir da pesquisa Digital 2023: Global Overview Report, da DataReport, concluiu que nessas horas, cerca de 56,6%, ou seja, nove horas do dia, são em frente a tela. No mesmo relatório, o Brasil, das 45 nações analisadas, ficou em segundo lugar do ranking de população que mais fica conectada.

Desde a idade, até o tempo recomendado

Na sociedade tecnológica em que vivemos, as crianças são as mais afetadas quando o assunto é tempo de tela, considerando que muitas delas têm contato com eletrônicos logo nos primeiros meses de vida. De acordo com o Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, Pós-PhD em Neurociências, membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos e membro da Royal Society of Biology no Reino Unido, existe idade e até mesmo quantidade de tempo recomendadas pela ciência para usar as telas.

Tempo de tela recomendados de acordo com a idade:

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Academia Americana de Pediatria (AAP) recomendam:

  • Até 2 anos: evitar totalmente o uso de telas;
  • De 2 a 5 anos: limitar o tempo de tela a uma hora por dia, priorizando conteúdos educativos de alta qualidade e assistidos com os pais;
  • De 6 a 10 anos: limitar o tempo de tela a uma a duas horas por dia, incluindo televisão, jogos eletrônicos, computador e celular;
  • Acima de 11 anos: limitar o tempo de tela a duas a três horas por dia, com foco em atividades educativas e produtivas.

E quando o assunto é educação digitalizada?

Desde a pandemia – quando não tínhamos escolha a não ser usar a internet a nosso favor -, a educação vem ficando cada vez mais digitalizada. Então, o que fazer quando as crianças frequentam aulas que demandam acesso a tablets e/ou computadores, mas quando chegam em casa, querem um momento de lazer na televisão ou no videogame? O especialista oferece algumas dicas:

  • Priorize conteúdos educativos: utilize aplicativos e sites de alta qualidade que estimulem o aprendizado e a criatividade;
  • Participe da experiência: assista vídeos e jogue jogos educativos com seus filhos, aproveitando para interagir e aprender junto;
  • Estabeleça regras claras: defina horários específicos para o uso de telas para fins educacionais e de lazer;
  • Ofereça alternativas: incentive atividades físicas, brincadeiras ao ar livre, leitura e outras atividades que não envolvam telas.

Existem riscos do uso de telas!

“Existem diversos riscos pela exposição a telas sem controle algum. Os problemas de sono são os mais comuns, já que a luz azul pode interferir na produção de melatonina – o hormônio do sono”, explica Agrela.

Já os outros riscos são:

  • Obesidade e sedentarismo: o tempo excessivo em frente às telas pode levar à diminuição da atividade física e ao aumento do consumo de alimentos calóricos;
  • Dificuldades de atenção e concentração: “a estimulação constante das telas pode prejudicar a capacidade de foco e atenção”, pontua;
  • Problemas de comportamento: o uso excessivo de telas pode levar a comportamentos agressivos, impulsivos e antissociais;
  • Dependência de telas: o uso excessivo pode levar a uma dependência, dificultando o controle do tempo gasto em frente a elas.

Mas existem benefícios…

Neste caso, os benefícios são da tecnologia, e não do tempo descontrolado do uso de tela – é sempre bom lembrar. “Temos acesso à informação e conhecimento; desenvolvimento de habilidades, através de jogos educativos e aplicativos que podem estimular o desenvolvimento de habilidades cognitivas, motoras e sociais. Além disso, também temos a conectividade com amigos e familiares;  entretenimento e diversão”, descreve o especialista.

“O uso moderado e supervisionado de telas pode trazer benefícios para o desenvolvimento das crianças. No entanto, é fundamental estabelecer limites claros e oferecer alternativas para garantir um desenvolvimento saudável e equilibrado”, destaca.

Dicas para um uso de telas saudável

Oferecidas pelo Dr. Fabiano.

  • Crie um “Plano de Tela Familiar”: defina regras e horários específicos para o uso de telas para todos os membros da família;
  • Estabeleça zonas livres de telas: evite o uso de telas em ambientes como o quarto e a mesa de jantar;
  • Seja um bom exemplo: limite o seu próprio tempo de tela e demonstre hábitos saudáveis para seus filhos;
  • Converse com seus filhos: abra um diálogo sobre os benefícios e os riscos do uso de telas e incentive o uso responsável;
  • Ofereça atividades alternativas: incentive atividades físicas, brincadeiras ao ar livre, leitura e outras atividades que não envolvam telas.