Camila Farani: “Não quero ser referência, quero ser ponto de virada”  Foto - Arthur Waismann

A Times Brasil (licenciada brasileira da CNBC) chegou com tudo no final de 2024, e, entre seus contratados de peso, está a ex-Shark Tank Camila Farani. Desde o dia 7, ela está à frente do programa Empreender na nova emissora. Nada mais adequado para essa gigante dos negócios, que coleciona empreendimentos, mentorias e imersões de sucesso há quase duas décadas.

Em entrevista à MALU, a nova apresentadora e comentarista do canal reflete sobre suas inspirações, o equilíbrio entre a carreira como empresária e apresentadora, e os impactos positivos que conquistou com seu trabalho. Confira!

Camila, você é uma empresária, mas ao mesmo tempo tornou-se apresentadora. Quando sua carreira começou, imaginava algo assim?

“Eu não imaginava isso quando comecei. Mas o empreendedor que só faz o que está no plano original já começou errado. Adaptar-se é parte do jogo. Quando comecei minha carreira, meu foco era construir negócios sólidos e apoiar empreendedores. A TV surgiu como uma oportunidade inesperada de amplificar essa mensagem por meio do Shark Tank Brasil, onde participei em seis temporadas. Lá, percebi que poderia amplificar minha mensagem de forma que nenhum palco corporativo conseguiria. Ali, eu estava provocando uma geração inteira de empreendedores a pensar diferente. E foi nesse momento que eu entendi: se você tem um propósito claro, ele precisa ser escalado. Eu estava lá para liderar conversas reais sobre o que significa empreender no Brasil. E, ao invés de enxergar a TV como uma vitrine, eu a vi como uma ferramenta.”

O que você trouxe da carreira como empresária que aplica como apresentadora hoje?

“A essência é a mesma: agir com clareza sob pressão e transformar o complexo em algo compreensível. Como empresária, eu aprendi que as decisões mais importantes quase nunca vêm com prazo estendido ou todas as informações na mesa. Você precisa agir com estratégia, velocidade e precisão. Essa habilidade é exatamente o que levo para a TV. Ao entrar ao vivo, comentar uma pauta quente ou conduzir um debate, o jogo é o mesmo: estar preparada para o imprevisível e entregar valor para quem está assistindo. Por fim, uma lição que vale ouro: informação é poder, mas visão é diferencial. No mercado, quem está um passo à frente vê o que os outros ainda não viram. E para isso, você precisa estar constantemente atualizado e conectado com o que está acontecendo.

Na Times Brasil, onde os temas mudam de uma hora para outra, não há espaço para ‘achar’ ou ‘opinar por opinar’. O público quer análise relevante, quer perspectiva. E é aí que a bagagem de empresária entra em cena. No mundo dos negócios, eu nunca fui espectadora — sempre preferi ser jogadora. Na TV, a lógica é a mesma.”

Você estreou no Empreenda em janeiro. Quais percepções você já tem do programa?

“O que posso garantir é que ele não é mais do mesmo. Não quero apenas trazer notícias ou análises frias. Quero um espaço dinâmico, relevante e provocativo, onde as pessoas possam aprender e agir. Minha missão é fazer com que o público saia com uma percepção diferente do mercado, dos negócios e, principalmente, do seu próprio potencial. Não quero só falar sobre negócios, quero mostrar o porquê e o como por trás deles. E não é só para quem já está no mundo corporativo. Meu objetivo é que qualquer pessoa que esteja assistindo se sinta parte da conversa, porque, no fundo, negócios impactam a vida de todos nós.”

Você agora também é uma das comentaristas do canal. O ‘estar ao vivo’ te dá aquele friozinho na barriga?

“O frio na barriga não é sinal de medo — é sinal de que estou exatamente onde deveria estar. Sim, o ao vivo traz adrenalina, mas eu gosto disso. É a mesma sensação que tenho em uma negociação importante: você não tem controle total do que vai acontecer, mas sabe que precisa se manter focada a cada movimento. Isso me desafia, me mantém ativa e conectada com o momento presente. No fundo, eu acredito que o frio na barriga é o combustível que separa quem entra para cumprir tabela de quem entra para fazer história.

No Times Brasil, o ao vivo exige rapidez de raciocínio e domínio de conteúdo, mas, para mim, o ponto mais poderoso é a conexão real com o público. Não tem filtro, não tem edição. Você é quem você é. E eu encaro isso como uma grande oportunidade de mostrar exatamente o que eu acredito: clareza, autenticidade e estratégia. É desafiador? Sem dúvida. Mas os maiores desafios sempre geram as maiores recompensas. Minha maior motivação é deixar um legado de transformação real para empreendedores e líderes.”

“Tudo que eu faço — seja TV, imersões, educação ou investimentos — tem um fio condutor: compartilhar o que aprendi para que outros possam ir mais longe. E isso não é discurso bonito, é missão de vida. Não quero ser só ‘uma referência’, quero ser um ponto de virada na vida de quem cruza meu caminho.” 

Quais suas maiores influências e inspirações na TV?

“Eu admiro quem transforma a TV em um palco de impacto real. Uma das minhas maiores referências nesse sentido é, sem dúvida, Oprah Winfrey. Ela não é apenas uma apresentadora — é uma força de conexão humana. O que mais me inspira nela não é o sucesso ou a fama, mas a forma como ela consegue transformar conversas em pontes de transformação. Ela olha nos olhos, faz perguntas que ninguém espera e cria um espaço seguro para a vulnerabilidade. Isso, para mim, é uma habilidade rara e extremamente poderosa. É sobre ser real, ser intencional em cada palavra e, principalmente, sobre fazer o outro se sentir visto. Isso, para mim, é o ápice da comunicação.”


Ana Carvalho

Repórter de revista e portal na Editora Alto Astral. Formada em jornalismo em 2022 pela Unip e atualmente pós-graduanda em...