Síndrome pós-férias: já ouviu falar sobre? O fenômeno, conhecido como a "síndrome pós-férias", pode afetar profundamente tanto a saúde mental quanto a produtividade das pessoas

O sentimento de fim das férias é algo comum, mas que muitas pessoas acabam não reconhecendo ou tratando de maneira adequada

À medida que o período de descanso vai chegando ao fim, é natural que surja uma angústia, uma sensação de ansiedade e até de tristeza. Esse fenômeno, conhecido como a “síndrome pós-férias”, pode afetar profundamente tanto a saúde mental quanto a produtividade das pessoas. Mas por que isso acontece? E o que podemos fazer para modificar esse sentimento e torná-lo mais suportável?

O que contribui para a síndrome pós-férias?

A angústia ao fim das férias está associada principalmente ao desapego temporário da rotina. Durante as férias, as pessoas vivenciam maior liberdade, menor quantidade de responsabilidades e a oportunidade de viver novas experiências, o que gera um prazer e uma satisfação momentânea. Isso cria uma sensação de conforto emocional. 

O retorno ao trabalho ou às atividades cotidianas é então percebido como uma perda, um retrocesso em relação ao estado de descanso e bem-estar. Segundo a psicanalista Renata Bento, a “síndrome pós-férias” não se trata de um diagnóstico clínico, mas um conjunto de sintomas que surgem  porque as férias representam uma pausa na pressão constante do dia a dia, e o retorno à rotina, muitas vezes associada ao estresse, pode gerar desconforto.

Estudos revelam que cerca de 30% da população experimenta esse tipo de ansiedade no final do período de descanso. “A transição de volta à rotina é vista por muitos como uma interrupção da liberdade conquistada, o que pode gerar resistência emocional”, enfatiza Renata Bento.

Outro fator que contribui para esse sentimento é o confronto com expectativas não atendidas. Muitas pessoas planejam atividades ou viagens durante as férias, e quando o tempo se esgota sem que tudo tenha sido realizado da maneira idealizada, surgem sentimentos de frustração e insatisfação. “A síndrome pós-férias também está associada ao retorno a uma rotina de trabalho que muitas vezes traz consigo desafios não resolvidos, como prazos acumulados ou questões pendentes. Isso gera um estresse adicional que agrava ainda mais o mal-estar emocional”, ressalta Bento.

Estratégias para vencer

Embora esse fenômeno seja comum, a boa notícia é que existem formas de lidar com ele e até de modificá-lo. A psicanalista explica que o  primeiro passo para tornar o retorno à rotina menos doloroso é o planejamento prévio. Evitar deixar o retorno ao trabalho para última hora e tentar organizar os compromissos antes de voltar à rotina pode ajudar bastante. Bento sugere que se retome a rotina de forma gradual, sem a necessidade de encaixar todas as tarefas de uma vez. 

Outra estratégia é tentar manter os bons hábitos adquiridos durante as férias, como praticar atividades físicas regulares ou ter uma alimentação mais saudável. A continuidade desses hábitos pode ajudar a prolongar a sensação de bem-estar e reduzir a ansiedade que vem com o retorno ao trabalho..

“É importante também entender que esse sentimento de angústia é completamente normal. A psicanalista Renata Bento explica que as férias proporcionam uma pausa na rotina habitual e, ao retornarmos, é natural sentirmos uma espécie de perda, pois interrompemos a liberdade do descanso.

A chave está em se permitir viver a rotina com equilíbrio, sem se sobrecarregar, e continuar buscando momentos de lazer e descanso, mesmo após o fim das férias. “Essa abordagem ajuda a transformar a transição de volta à rotina em um processo mais positivo e produtivo” finaliza.