Luto gestacional: Tati Machado expõe sua perda De acordo com a OMS, uma gestação é interrompida inesperadamente a cada 16 segundos, mas o luto gestacional ainda é um tabu

Recentes casos de perda na reta final da gestação ganham visibilidade; especialista explica o impacto emocional e a importância do acolhimento no luto perinatal

Recentemente, duas figuras queridas do público compartilharam histórias dolorosas que reacenderam um importante debate sobre o luto gestacional — um tipo de perda ainda pouco falado e, muitas vezes, negligenciado socialmente. A apresentadora Tati Machado revelou a perda de seu bebê no oitavo mês de gestação, quando já vivia intensamente os preparativos para a chegada da criança. Pouco depois, a atriz e humorista Micheli Machado também tornou pública sua dor ao perder seu filho aos seis meses de gestação.

Mesmo vivendo experiências profundamente pessoais, ambas decidiram dividir com o público suas dores, sensibilizando milhares de pessoas e dando visibilidade a um luto vivido, em silêncio, por muitas mulheres e famílias.

“Quando a perda acontece no final da gestação, ela costuma ser ainda mais devastadora emocionalmente. A família já vive a expectativa concreta da chegada do bebê, o enxoval está pronto, há planos, sonhos. É um amor que já tem forma, nome, espaço no lar”, explica a psicóloga perinatal Natália Aguilar, especialista em luto gestacional e neonatal.

O luto gestacional é devastador

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma gestação é interrompida inesperadamente a cada 16 segundos no mundo. Ainda assim, o luto perinatal segue como um tema socialmente silenciado, o que pode aumentar o sofrimento emocional das famílias afetadas.

“O luto gestacional é frequentemente invalidado. Muitas mães escutam frases como ‘você é jovem, pode ter outro’ ou ‘foi melhor assim’, quando, na verdade, precisam de acolhimento, escuta e permissão para viver sua dor com dignidade”, reforça Aguilar. Para ela, reconhecer o luto perinatal como legítimo é um passo fundamental para criar redes de apoio verdadeiramente empáticas.

Além das implicações emocionais, a perda gestacional pode desencadear quadros de depressão, ansiedade e distúrbios de sono, exigindo atenção profissional qualificada.

“Cada mulher vive esse luto de uma maneira única. Não existe um tempo certo para superar a perda, mas existe a necessidade de espaço, escuta e suporte. É preciso respeitar esse processo”, finaliza a psicóloga.