
Especialista em neurociência do comportamento da Wefit, Alan Martins, explica como o apetite hedônico e a saúde mental influenciam os hábitos alimentares durante o frio
O inverno chegou, e com ele surgem os desejos incontroláveis por doces, massas, sopas e outras delícias que, curiosamente, parecem até ter um sabor diferente nessa estação. É verdade que, no frio, sentimos mais fome: nosso corpo precisa trabalhar mais para manter a temperatura, o que aumenta o gasto energético. No entanto, também cresce nossa busca por alimentos prazerosos — as chamadas comfort foods. Muitas vezes, mesmo sem fome, acabamos comendo. Esse comportamento pode estar relacionado ao chamado Apetite Hedônico.
O que é o Apetite Hedônico?
O Apetite Hedônico é o desejo de comer motivado pelo prazer que a comida proporciona — como emoções, alegria ou nostalgia — e não pela fome. Sem perceber, praticamos isso rotineiramente: como na tradição de comer pipoca no cinema, mesmo sem estar com fome, ou ao fazer um lanche após assistir a um comercial de comida. O especialista em neurociência do comportamento da plataforma de emagrecimento Wefit, Alan Martins, destaca que tudo acontece no cérebro, onde a liberação de neurotransmissores responsáveis por aumentar a sensação de prazer influencia diretamente o apetite.
“É importante saber diferenciar os tipos de apetite para manter uma alimentação saudável e, quando necessário, permitir uma alimentação fora do padrão de forma consciente. Podemos classificar o apetite em duas categorias: o apetite homeostático, baseado em necessidades fisiológicas, e o apetite hedônico, relacionado a fatores psicológicos. O apetite hedônico pode contribuir para episódios de compulsão alimentar e, em alguns casos, para o desenvolvimento de sobrepeso e obesidade”, pontua Alan.
Alterações no corpo devido ao frio
No inverno, fatores como a redução das atividades físicas, o clima mais frio, a diminuição do ritmo da rotina e a menor exposição ao sol podem afetar a produção de serotonina — neurotransmissor responsável pela regulação do sono, do humor, do apetite, do ritmo cardíaco, entre outras funções. Essa queda na serotonina pode causar alterações significativas em diversas áreas do corpo. Nesse contexto, o aumento do apetite durante a estação também pode estar relacionado à sua redução. A melhor forma de lidar com isso envolve o autoconhecimento e o cuidado com a saúde mental.
“Para emagrecer ou mudar os hábitos alimentares, é fundamental começar cuidando da saúde mental. Nosso cérebro é rico em hormônios relacionados ao prazer (como a dopamina) e ao bem-estar (como a endorfina), e pode ser estimulado por diversas atividades além da alimentação. Identificar e, reduzir pequenos gatilhos — como a sensação de recompensa e os estímulos alimentares, a exemplo da famosa ‘regra do docinho após o almoço’ — é essencial para manter o corpo funcionando de forma equilibrada”, destaca o neurocientista da Wefit