Devido as temperaturas mais quentes, os casos de AVC aumentam, principalmente entre os jovens
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo. Segundo a Rede Brasil AVC, 53% dos casos ocorrem em pessoas com menos de 70 anos, com um aumento exponencial entre os mais jovens. Além disso, 89% da carga global de AVC está concentrada em países de baixa e média renda.
E no verão, com temperaturas mais elevadas e mudanças significativas na forma como o corpo regula o calor é preciso redobrar os cuidados e estar atento aos sinais, alerta o neurocirurgião do Hospital Quali Ipanema, Dr. Orlando Maia.
Para algumas pessoas, especialmente as que apresentam fatores de risco cardiovasculares, esse período pode aumentar a probabilidade de eventos graves, como o Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Segundo o especialista, há motivos fisiológicos claros que explicam essa tendência.
Por que os casos aumentam no verão?
De acordo com o neurocirurgião e neurorradiologista intervencionista do Hospital Quali Ipanema, Dr. Orlando Maia, alguns mecanismos fisiológicos comuns no calor contribuem para o aumento dos casos:
1. Vasodilatação e esforço cardíaco
Com o calor intenso, o corpo dilata os vasos sanguíneos para dispersar calor e manter a temperatura adequada. Esse processo aumenta o trabalho do coração e pode levar a quedas de pressão arterial. Em pessoas predispostas, essas alterações favorecem eventos vasculares, incluindo AVC isquémico e AVC hemorrágico.
2. Estresse térmico
O excesso de calor obriga o organismo a trabalhar mais para manter as funções vitais. Esse “estresse térmico” aumenta a produção de hormônios de stress, altera a circulação sanguínea e pode descompensar doenças pré-existentes, aumentando o risco de AVC.
3. Desidratação
No verão, a perda de líquidos é maior. A desidratação torna o sangue mais espesso, aumentando a probabilidade de formação de coágulos — um dos principais mecanismos por trás do AVC isquémico. Pessoas idosas, hipertensas e diabéticas são especialmente vulneráveis.
“Reconhecer os sinais de alerta e controlar os fatores de risco, aliado ao acompanhamento médico regular, pode salvar vidas”, reforça o Dr. Orlando Maia.
O que é o AVC?
O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo e ocorre devido a uma alteração no fluxo sanguíneo cerebral, que leva à morte de células nervosas na região afetada. Existem dois tipos principais:
- Isquêmico – causado pela obstrução de um vaso sanguíneo (entupimento por coágulo ou placa de gordura);
- Hemorrágico – provocado pela ruptura de um vaso sanguíneo no cérebro.
“O AVC isquêmico é o mais comum, correspondendo a cerca de 80% dos casos, enquanto os hemorrágicos representam aproximadamente 20%”, explica o Dr. Maia.
De acordo com o neurocirurgião o estilo de vida moderno, aliado ao tabagismo e a doenças crónicas não controladas, faz com que cada vez mais pessoas com menos de 45 anos desenvolvam a doença. O Dr. Orlando destaca ainda que, muitas vezes, os sintomas de AVC nessa faixa etária mais jovem são confundidos com outras doenças, o que pode dificultar o diagnóstico e retardar o atendimento, que, no caso do AVC, precisa ser imediato. “O tempo de atendimento deve ser inferior a 60 minutos, em conformidade com as melhores práticas internacionais”, complementa.