A busca pelo corpo perfeito afeta a saúde mental Padrões de beleza ideal podem fazer com que busquemos um corpo perfeito e afetar nossa mente acarretando diversos transtornos

Padrões de beleza ideal podem afetar nossa mente acarretando diversos transtornos

Ah, o corpo perfeito… Ano passado o filme da Barbie nos cinemas levou a um assunto muito importante que precisa da mesma atenção que o filme: padrão de beleza. A boneca mais famosa do mundo gerou um tipo de corpo, geralmente cobiçado pela sociedade, que é impossível de ser alcançado.

Simbologia da Barbie quando o assunto é corpo perfeito

Com a boneca, foi estabelecido – de forma indireta – que o corpo ideal fosse magro, cintura e pernas finas além de cabelos lisos e loiros. Para os homens, o padrão era ser magro, mas com músculos definidos, assim como o Ken. Por mais que os padrões estejam sempre mudando, o lançamento do filme reacendeu alguns debates.

Em uma análise feita pelo Cirurgião Plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Luís Maatz, as medidas corporais da boneca são irreais. Foram estimadas em 91cm de busto, 46cm de cintura e 84cm de quadril em uma mulher adulta com 1,75m de altura. Essas medidas estão próximas às exigidas pelos concursos de Miss em todo o mundo. Que seriam de 90cm de quadril, 60cm de cintura e 90cm de busto.

“Isso representa uma quantidade de gordura corporal insuficiente para que uma mulher menstrue. Hoje, as redes sociais replicam o fenômeno indefinidamente: celebridades (ou subcelebridades) e até “pessoas comuns” usam alterações digitais em suas imagens (como os filtros do Instagram), corrigindo imperfeições para parecerem mais jovens ou supostamente mais bonitas e atraentes. Essa prática distorce o imaginário de muitos jovens e até adultos, que começam a comparar seus próprios rostos e corpos com as belezas falsas exibidas nas redes”, explica o cirurgião plástico.

O corpo perfeito pode ser capaz de afetar nossa saúde mental

Essa busca desenfreada pelo corpo perfeito é capaz de afetar nossa mente, acarretando diversos transtornos. Como ansiedade, depressão, estresse, sentimentos de inadequação, problemas de auto estima e muitas vezes levando a distúrbios alimentares para nos encaixarmos no “padrão” eleito como perfeito, de acordo com a psicóloga e fundadora da Clínica Ame.C, Monica Machado. Já para a psiquiatra geral e especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria, Danielle H. Admoni, o fato de a boneca trazer esse corpo irreal pode mexer com pessoas de todas as idades e gera maior risco para as crianças que ainda estão se desenvolvendo, principalmente psicologicamente.

Você se lembra do Ken humano?

Um homem chegou a realizar mais de 90 cirurgias plásticas e cerca de R$6 milhões gastos para se parecer com Ken, boneco que faz par romântico com Barbie, e ter um corpo perfeito. Isso parece ser bizarro, mas é a realidade de algumas pessoas que querem fazer de tudo para chegar o mais perto possível de figuras irreais. “Acredito que querer modificar algumas coisas que incomodam seja algo natural”, diz Monica. “Mas quando isso se transforma em obsessão como o do Ken humano, podemos compreender que há casos em que estamos tratando de um Transtorno Dismórfico Corporal (TDC).”

Como falamos dos transtornos mentais que podem ser consequência disso, o Cirurgião Plástico Luís Maatz afirma que o Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) é o espectro mais extremo dessa obsessão, levando a pessoa a nunca estar satisfeita com a própria aparência e que comumente recorre a inúmeros procedimentos estéticos ou cirurgias para melhorar uma ou mais partes do corpo.

“A busca pelo corpo perfeito é um caminho sem fim que inevitavelmente levará a pessoa à uma grande frustração, gerando insegurança e ansiedade, podendo contribuir também com o surgimento ou agravamento de crises depressivas”, alerta Luís.

Tem cura?

Segundo Monica, as sessões de terapia permitem uma compreensão mais profunda sobre o momento em que essas questões começaram a surgir para o indivíduo. Além disso, o terapeuta pode realizar algumas intervenções que ajudam na evolução do quadro do paciente. Afinal, ao analisar a situação, fica claro que essa busca pela perfeição se relaciona diretamente com questões de autoimagem e autoestima.

Claro que nem todo incômodo com a beleza é algo que precisa de terapia. Por exemplo, uma pessoa que não gosta do seu nariz, mas ela deixa de fazer coisas no seu dia a dia por incômodo daquela parte. E o nariz passa a ser o assunto central da sua vida, ela passa do normal para o patológico. “Quando falamos de patológico, falamos de uma intervenção medicamentosa e de terapia junto, dependendo do caso”, finaliza a psiquiatra Danielle.