Autoconfiança não nasce, é construída Foto: Pixabay

E não vem do externo, mas está diretamente ligada a habilidade de cumprir os compromissos que assumimos com nós mesmos 

Se pedirmos para o Google definir o que é autoconfiança, a explicação será simples: acreditar que você consegue atingir seus objetivos, buscando fazer o seu melhor. Mas sabia que a autoconfiança tem tudo a ver com os compromissos que assumimos com nós mesmos? Afinal, ela só pode existir quando temos autonomia o suficiente para resolver os próprios problemas, ou melhor, entender o porquê optar por resolução x, e não y. Calma que vai ficar mais fácil de entender…

Autossabotagem: a maior vilã

Larissa Fonseca, psicóloga clínica há 15 anos, explica que viver sem autoconfiança é como se estivéssemos tentando construir uma casa em um terreno instável, e isso afeta diretamente a forma como nos comprometemos conosco e com nossos objetivos. “A falta de confiança pode nos fazer duvidar de nossas próprias capacidades e nos levar a evitar compromissos importantes. Quando não confiamos em nós mesmos, é difícil estabelecer metas realistas e nos comprometer com elas”, afirma.

É por isso que muitas vezes você acaba procrastinando ou desistindo facilmente diante do primeiro obstáculo, pois as crenças limitantes e despidas de autoconfiança fazem com que você acredite que não será capaz de superá-los. “Essa falta de confiança pode nos levar a nos subestimar e a aceitar menos do que merecemos também em nossas vidas pessoais e profissionais”, aponta a especialista.

A falta de autoconfiança te distancia de chegar onde quer

O problema em procrastinar vai além de simplesmente adiar uma tarefa ou outra no trabalho. “A procrastinação pode adiar ações importantes. O medo do fracasso pode paralisar a iniciativa e a persistência necessária para alcançar objetivos pessoais”, destaca Larissa, que também aponta outros grandes obstáculos nesse processo: “O auto questionamento pode minar a confiança pessoal; a falta de autoconhecimento pode levar a metas pouco realistas e incompatíveis com as necessidades individuais; enquanto a pressão dos padrões sociais pode levar a compromissos não autênticos.”

Nada de ignorar os sentimentos

A construção da autoconfiança começa por muitos pontos de partida. Esse “trabalho de formiguinha” exige apoio de familiares, amigos e, principalmente, profissionais da área de saúde mental, mas vale lembrar que se trata de um processo em constante evolução. Acontece aos poucos, com cuidado, paciência e muita observação.

Ou seja, anular as próprias emoções está fora de questão. “Quando nos deparamos com momentos de dúvida e insegurança, é essencial acolher esses sentimentos com compaixão. Portanto, aceitar tal insegurança e desafiar pensamentos negativos, quando estabelecemos metas realistas, ajuda superar esses momentos”, esclarece a psicóloga.

“Aceitar: sempre que fazemos algo novo, sentimos certo frio na barriga, insegurança. Mesmo que esse desconforto exista, continue e se desafie.”

Autoconfiança não define o momento, e sim a vida

É essencial entender que cultivar a autoconfiança requer um trabalho contínuo, não algo para ser desenvolvido temporariamente e depois abandonado. Essa é uma habilidade essencial para o crescimento e desenvolvimento ao longo da vida, pois funciona como um alicerce sólido que sustenta nossas realizações e conquistas, como afirma Larissa. “A autoconfiança nos dá a coragem necessária para enfrentar desafios, experimentar novas oportunidades e buscar nossos objetivos. Ela nos capacita a superar obstáculos, aprender com nossos erros e seguir em frente com determinação.”

“A autoconfiança fortalece nossa resiliência emocional, permitindo-nos lidar melhor com as adversidades e rejeições que encontramos ao longo do caminho.”

As relações também pedem autoconfiança

Ainda de acordo com a psicóloga, cultivar essa segurança em si mesmo não apenas influencia positivamente o desenvolvimento pessoal, mas também tem um impacto significativo nos relacionamentos interpessoais – em qualquer esfera da vida – assumindo um papel crucial na qualidade e na natureza dessas interações. “Nos relacionamentos pessoais, indivíduos autoconfiantes tendem a estabelecer vínculos mais profundos, possibilitando uma comunicação mais objetiva e direcionada. Isso contribui para a construção de relacionamentos sustentáveis ao longo do tempo”, descreve. 

Já no contexto profissional, a especialista diz que a autoconfiança é percebida como uma qualidade de valor.  “Isso acontece pois é uma postura associada a eficácia no desempenho e a liderança assertiva nas relações interpessoais. Indivíduos autoconfiantes assumem mais riscos calculados, buscam oportunidades de desenvolvimento e alcançam metas profissionais com maior frequência,” ela pontua.

Seja realista… mas tenha compaixão por você!

Como mencionado anteriormente, estabelecer metas realistas é fundamental. Ao definir objetivos mensuráveis e alcançáveis, e fragmentá-los em tarefas menores, você fortalece sua confiança à medida que conclui cada etapa com sucesso. Porém, essa não é a única estratégia indicada para trabalhar essa segurança em você mesmo. 

 “A prática da autocompaixão também se revela essencial”, aponta a profissional, que explica o porquê da afirmação: “Ao adotar uma postura compassiva consigo mesmo, reconhecendo e aceitando as falhas como oportunidades de aprendizado, a autoconfiança é cultivada de maneira mais resiliente.” 

E seja positivo

Por fim, mas não menos importante, precisamos valorizar os pensamentos positivos sobre nós mesmos, e mais que isso, desafiar nossa própria mente quando as ideias negativas estiverem tomando conta dela. “Ao questionar e substituir padrões autodepreciativos por narrativas mais realistas e construtivas, a autoconfiança é fortalecida”, orienta Larissa. Celebrar conquistas, por menores que sejam, é igualmente relevante nesse processo.  “Reconhecer e valorizar os progressos alcançados contribui para a construção de uma autoimagem positiva e segura”, conclui a especialista.