
Ginecologista alerta que escuta qualificada e avaliação individual são chave para detectar cedo e acolher melhor as pacientes
Aos 30 e poucos anos, muitas mulheres ainda acreditam que estão distantes do risco de um câncer de mama. A ideia de que essa é uma doença exclusiva da fase madura da vida segue sendo um dos maiores obstáculos para o diagnóstico precoce. Mas os números já não sustentam essa crença: segundo dados recentes do Instituto Nacional de Câncer (INCA), os casos em mulheres jovens cresceram 20% na última década.
Para a ginecologista integrativa Amanda Vanzelli, a mudança no perfil das pacientes exige atenção e sensibilidade. “A diretriz geral preconiza o início da mamografia aos 40 anos. Porém, mulheres com mamas densas, histórico familiar, menarca precoce, nuliparidade ou exposição prolongada ao estrogênio endógeno podem se beneficiar de um rastreio mais precoce ou intensificado.”
Ela destaca que, na abordagem integrativa, a personalização do cuidado é fundamental. “Usamos dados clínicos, laboratoriais, densidade mamária e avaliação de risco individual para propor um rastreamento mais personalizado, que não gera ansiedade, mas sim segurança.”
Impacto além do físico
O impacto emocional do diagnóstico também ganha atenção especial nesse modelo de atendimento. “Acolhemos esses receios com escuta ativa, explicação clara sobre riscos e benefícios, e respeitando o tempo de cada paciente. Mais do que prescrever exames e condutas, a abordagem integrativa reconhece o impacto emocional de um diagnóstico.”
O medo impede a consulta
Além da falsa sensação de invulnerabilidade, o medo do diagnóstico ainda silencia muitas mulheres. “Nunca é tarde para recomeçar. O cuidado com a saúde não deve ser pautado pela culpa ou pelo medo, e sim pelo autocuidado e pela escolha consciente de estar bem”, orienta. “Um exame de imagem pode trazer paz, detectar algo precoce e abrir caminho para um novo ciclo de atenção à saúde.”
Sinais do câncer de mama
Sinais como nódulo palpável, secreção mamilar espontânea, inversão recente do mamilo, mudança na coloração da pele da mama ou dor localizada que não melhora são considerados de atenção imediata, independentemente da idade.
Prevenir o câncer de mama exige escolhas conscientes e atenção contínua à saúde
Pensando além dos sintomas, já é possível afirmar que a prática de esportes e uma alimentação saudável são pilares importantes na prevenção da doença. Um estudo publicado no Journal of Clinical Oncology em abril de 2025 confirma que mudanças no estilo de vida estão associadas à melhora significativa da qualidade de vida e à redução de riscos em mulheres que enfrentam o câncer de mama.
A especialista ainda lembra que saúde não se resume a exames. “Adotar um estilo de vida saudável, cultivar bons hábitos, movimentar o corpo, cuidar da alimentação, manejar o estresse e ouvir os sinais do próprio corpo são atitudes que não apenas detectam, mas previnem doenças.”
A prevenção é um caminho que começa com informação, continua com escolhas conscientes e se fortalece com o apoio de profissionais preparados para ouvir. No mês em que o assunto ganha visibilidade, o convite vai além do exame: é olhar para si com atenção, coragem e constância.