
Especialista esclarece se o impacto da corrida pode afetar a firmeza da pele do rosto
Nos últimos anos, a corrida conquistou de vez seu espaço entre os brasileiros. Seja em parques, ruas ou esteiras, o número de adeptos da prática cresce a cada dia. Dados da World Athletics (2023) mostram que a quantidade de corredores amadores aumentou mais de 60% na última década, com destaque para mulheres e pessoas acima dos 40 anos.
Mas, junto com os benefícios da corrida — como a melhora do condicionamento cardiovascular, controle do peso e redução do estresse —, também surgem dúvidas. Uma delas tem chamado a atenção nos consultórios dermatológicos: afinal, correr “faz o rosto cair”?
A preocupação é tão comum que já ganhou até um nome: runner’s face — expressão popular que descreve um rosto mais magro, marcado por sulcos e sinais de flacidez, frequentemente observado em corredores de longas distâncias.
Mito ou verdade sobre a flacidez da corrida?
Segundo o dermatologista Gustavo Novaes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a associação direta entre corrida e flacidez facial ainda não é comprovada cientificamente, mas há fatores ligados à prática esportiva que podem, sim, impactar a aparência da pele. “Não é a corrida em si que causa a flacidez, mas sim condições associadas, como a perda de gordura facial, exposição solar crônica e até o estresse oxidativo provocado por treinos muito intensos”, explica o médico.
Estudos indicam que atletas de endurance, como maratonistas, apresentam menor volume de gordura subcutânea facial, o que pode deixar os ossos da face mais proeminentes e evidenciar rugas ou sulcos. Além disso, quem corre ao ar livre está frequentemente exposto à radiação ultravioleta — principal fator extrínseco do envelhecimento da pele. “Mais de 80% dos sinais visíveis do envelhecimento facial estão ligados à exposição solar acumulada ao longo dos anos”, afirma o Gustavo. “Por isso, o protetor solar é tão importante quanto o tênis na hora de correr.”
E o impacto do movimento?
A ideia de que o movimento repetitivo da corrida poderia “sacudir” os tecidos do rosto e provocar flacidez também não se sustenta. “Essa é uma crença que não tem base científica. A anatomia da face e a musculatura são capazes de amortecer esses impactos”, esclarece o especialista.
O que realmente contribui para a aparência de flacidez?
De acordo com o Dr. Gustavo Novaes, os principais fatores que podem influenciar a aparência do rosto de corredores são:
- Baixo percentual de gordura facial;
- Fotoenvelhecimento (exposição solar acumulada);
- Estresse oxidativo (treinos intensos sem recuperação adequada);
- Fatores genéticos e idade.
Como prevenir e tratar?
A boa notícia é que, com os cuidados certos, é possível conciliar a paixão pela corrida com uma pele firme e saudável. “O mais importante é a prevenção. Isso inclui usar filtro solar com FPS alto todos os dias, manter uma alimentação saudável e garantir um bom tempo de recuperação entre os treinos”, orienta o dermatologista.
Nos casos em que já há sinais de flacidez, a dermatologia conta com uma série de tratamentos eficazes. Entre eles:
- Bioestimuladores de colágeno (como ácido polilático e hidroxiapatita de cálcio);
- Ultrassom microfocado e radiofrequência;
- Fios de sustentação;
- Laser fracionado e luz pulsada.
“Esses procedimentos ajudam a estimular o colágeno e reposicionar tecidos, devolvendo firmeza à pele de forma progressiva e segura”, explica Gustavo.
Corrida x estética: é preciso escolher?
A resposta é não. Para o especialista, saúde e estética devem andar juntas — ou, no caso, correr lado a lado. “A corrida traz inúmeros benefícios para o corpo e a mente. O que precisamos é adaptar os cuidados com a pele à rotina do corredor. Com orientação adequada, é perfeitamente possível envelhecer com saúde e boa aparência”, finaliza.