Female patient coughing into elbow while wearing protective face mask at he hospital. Doctor is standing in the background.
Os impactos das mudanças climáticas já são sentidos dentro dos consultórios médicos e, segundo o otorrinolaringologista Bruno Borges de Carvalho Barros da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, o aumento da temperatura média, a concentração de poluentes e a alteração dos ciclos de chuva e umidade estão diretamente ligados à alta de doenças respiratórias e otorrinolaringológicas — como rinite alérgica, sinusite crônica e infecções de ouvido.
“O nariz é a primeira barreira do corpo contra o ar que respiramos. Quando o ar está mais seco ou poluído, essa mucosa perde sua função de filtrar e umidificar, facilitando infecções e inflamações”, explica o médico. “É um reflexo direto das mudanças climáticas no corpo humano — e especialmente nas vias aéreas superiores.”
Um estudo recente publicado na Environmental Research (2024) reforça a conexão: a cada aumento de 1 °C na temperatura média e elevação das partículas finas de poluição (PM2.5), cresce a incidência de rinite e sinusite em até 20% nas regiões urbanas. “Além disso, os poluentes irritam a mucosa nasal e os ácaros se proliferam em ambientes úmidos, o que agrava ainda mais os quadros alérgicos”, complementa o especialista.
Quando o clima muda, as alergias também mudam
A alteração dos padrões de estações e o desequilíbrio ambiental têm criado novos ciclos de alergia. O que antes se concentrava em meses específicos, hoje se estende o ano inteiro. “As plantas florescem em épocas diferentes, os índices de pólen aumentam e a poeira urbana se acumula. O paciente que tinha rinite sazonal agora sofre o ano todo”, explica o otorrino.
Ele também observa o aumento de casos de otite média em crianças e adultos durante ondas de calor ou períodos de seca prolongada. “O ar-condicionado em excesso resseca as mucosas, e a oscilação de temperatura entre ambientes internos e externos favorece infecções do ouvido e da garganta.”
Como prevenir doenças respiratórias em decorrência da alteração climática
Para o especialista, enquanto o mundo busca reduzir emissões, cada pessoa precisa adotar pequenas medidas de proteção:
- Manter a casa arejada e limpa para reduzir ácaros e fungos;
- Usar umidificadores em dias secos;
- Beber bastante água para hidratar as vias aéreas;
- Buscar avaliação médica diante de sintomas persistentes de entupimento, coceira ou dor facial.
“O que respiramos é um reflexo do planeta em que vivemos. Se o clima adoece, nós também adoecemos”, finaliza o Dr. Bruno.