Auxiliar crianças a terem um desenvolvimento pleno não é uma tarefa fácil. Os pais são os responsáveis por tudo aquilo que os pequenos aprendem. E a forma como se ensina reflete diretamente na maneira como as crianças enxergarão a vida quando crescerem. Por isso, é importante que a educação infantil seja oferecida de maneira respeitosa e livre de agressões.
O que é a educação respeitosa
O conceito de educação respeitosa se baseia em princípios de respeito mútuo, empatia e diálogo aberto no processo de criação e educação das crianças. É uma abordagem que busca estabelecer relações saudáveis e positivas entre pais e filhos, levando em consideração as necessidades, sentimentos e individualidade de cada criança. E para auxiliar os pais nessa jornada, a autora Maya Eigenmann escreveu o livro A Raiva não Educa, a Calma Educa, publicado pela Astral Cultural.
Paciência é o segredo
Para Maya, muitos pais não têm paciência no trato cotidiano com seus filhos e, por isso, acabam transmitindo o sentimento de raiva às crianças. Para auxiliar nessa questão, a autora tenta promover, com sua obra, a desconstrução do adultismo, do porquê as crianças costumam ser tratadas assim.
Os adultos precisam passar por um processo de reeducação antes de educarem os filhos. Para isso existem vários caminhos, mas o primeiro passo é o adulto se conscientizar dele mesmo, da própria história, seus gatilhos e traumas, além da maneira como lida com os próprios sentimentos. “Enquanto o adulto permanece inconsciente, ele vai continuar a desrespeitar e violentar a criança. Então, é interessante começar a perceber esses julgamentos que o adulto tem para consigo mesmo, por exemplo, em relação à raiva e à tristeza que ele sente”, afirma.
Muitos pais não têm consciência das próprias atitudes e as percebem apenas enquanto já estão no processo de educar os filhos, mas é possível passar pela reeducação enquanto educa os pequenos. Entretanto, é preciso entender que não há uma linha de chegada: o processo de se reeducar é para sempre, e a meta não é atingir a perfeição, mas sim a redução de danos daquilo que já ocorreu.
Obediência e respeito são coisas diferentes!
A obediência e o respeito são conceitos distintos, embora possam estar interligados em determinados contextos. “Imagine que alguém esteja dirigindo e veja uma placa indicando que a velocidade máxima é de 50km/h. O condutor obediente vai reduzir a velocidade, pois ele tem medo da consequência que pode haver caso ele desobedeça a regra, seja pagar uma multa ou perder a carteira de motorista. Por outro lado, o condutor respeitoso vai reduzir a velocidade porque ele entende que é responsável por si e pelos outros motoristas e faz essa escolha consciente em prol da segurança de todos”.
Ou seja, a obediência refere-se ao ato de seguir instruções ou comandos de uma autoridade, independentemente de concordar com elas, por medo de punição. Já o respeito é um sentimento ou atitude que envolve reconhecer e valorizar a dignidade, os direitos, os limites e as diferenças dos outros. É uma consideração construída em uma base de igualdade e empatia, e não depende necessariamente da existência de uma hierarquia ou de autoridade formal.
A prática do castigo deve ser abandonada na educação respeitosa
Nenhum aprendizado acontece de maneira saudável através de castigos, punições, constrangimento ou envergonhamento. “Nós detemos muito nesta questão de certo e errado sendo que a criança vai aprender muito mais sobre isso através do jeito como a gente a trata, como tratamos outras pessoas e vivemos. A criança aprende e assimila muito mais por meio do nosso exemplo”, finaliza Maya.
