
A psicóloga Juliana Barbato, especialista em neurodivergência e autismo fala sobre esse dia que celebra a importância e o impacto dos alunos para o desenvolvimento do país
No dia 11 de agosto, comemora-se o Dia do Estudante. Período marcado para o reconhecimento e valor da educação e a influência que os alunos proporcionam para a sociedade. Instituída oficialmente na mesma data, no ano de 1927, a honra foi sugerida pelo jurista Celso Gand Ley, em decorrência dos 100 anos em que Dom Pedro I, até então imperador, autorizou a criação das primeiras faculdades e dos primeiros cursos de Direito do país.
Para além das festividades e eventos promovidos, sua importância está em oferecer uma reflexão sobre o papel dos estudos na estruturação cultural e dedicação ao futuro. Serve também como uma forma de criar visibilidade a outros grupos que buscam por um ambiente mais acolhedor. A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI) garante que pessoas com deficiência, incluindo autistas, têm direito a uma educação inclusiva,. Assim, determinando que as instituições de ensino devem assegurar esse direito a todos.
A primeira infância é ainda mais desafiadora
Uma outra lei que visa as mesmas diretrizes é a Lei nº 12.764/2012, ou a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Ela reconhece o autismo como uma deficiência e estabelece normas para que esse decreto seja praticado corretamente. Portanto, as escolas não podem recusar matrículas, formar listas de espera ou cotas nesses casos. Assim como também deve haver um acompanhante especializado para uma experiência o mais próxima da equidade e distanciar traumas futuros a partir da primeira infância.
“A primeira infância pode ser bem cruel para uma criança típica. E isso pode aumentar consideravelmente em um local cheio de estímulos sensoriais e informações para um indivíduo neurodivergente. Todas as iniciativas impostas para que o âmbito escolar se torne mais fácil são bem-vindas. E quanto mais eles estão presentes no dia a dia e não são invisibilizados, mais tranquila é a adaptação entre os demais. Consequentemente, eles aprenderão a agir com naturalidade e a incluir essas pessoas de acordo com os limites necessários. A desinformação ainda é muito presente, até para quem leciona. O autista, por exemplo, se equilibra a partir dos níveis de suporte, o que já indica que a presença de alguém capaz se faz necessária”, disse a psicóloga Juliana Barbato, especialista em neurodivergência e autismo.
Mais PCDs nas escolas
O atendimento educacional especializado (AEE) é um direito do aluno com autismo e foca especialmente no desenvolvimento de suas potencialidades e autonomia, considerando ainda que as escolas devem oferecer adaptações curriculares e materiais didáticos diferenciados, quando necessário, para garantir um aprendizado satisfatório, como com a ampliação do PEI (Plano de Ensino Individualizado), que utiliza a participação da família e dos profissionais envolvidos para atender às necessidades específicas do aluno.
De 2003 para 2015, o número de alunos com deficiência presentes em instituições escolares subiu de 23% para 81%, o que traz um otimismo para que esse percentual mantenha-se exponencial. Para que isso ocorra, é preciso comunicação clara e objetiva, produção de habilidades sociais e envolvimento e apoio de profissionais.