Baseado na reeducação alimentar, o flexitarianismo propõe a variedade como pilar da alimentação saudável
Na hora de emagrecer, é comum pensar que a dieta com privação de determinados alimentos, como os doces, seja o melhor caminho. Por um lado, essa premissa pode até ser verdade, mas o corpo humano não é uma ciência exata. Atualmente, é possível encontrar diversos estudos que comprovam que uma restrição alimentar severa — ou seja, aquelas que te impedem de certos prazeres ao comer — é a principal causadora de compulsões alimentares.
Esse hábito pode acabar atrapalhando muito mais do que ajudando no processo de perda de peso. Desta forma, a dieta flexitariana entra como uma ótima alternativa nessa busca. O método defende a adição de uma maior variedade de alimentos às refeições. Laura Calipo, nutricionista especialista em emagrecimento e parceira da Flormel, explica a importância de sentir prazer ao comer e do processo de reeducação alimentar: “É extremamente importante que continuemos sentindo prazer na alimentação, para que consigamos manter um processo de emagrecimento. É durante a reeducação alimentar que você deve aprender quanto e como consumir os alimentos mais prazerosos para o seu paladar”.
Reeducação não é regime
Laura ressalta a importância de entender que a reeducação alimentar é um processo distinto de dieta. A dieta tem começo, meio e fim, de forma que o paciente irá seguir um padrão alimentar, com muita restrição, sendo que este é o grande problema. “Quando o indivíduo chega no seu objetivo com aquela ‘receita fechada’, não há como manter ao longo de uma vida e, assim, ele volta exatamente para o mesmo desequilíbrio de antes. Consequentemente, há um reganho de peso e é assim que as pessoas entram no efeito sanfona”, detalha.
Nesse sentido, é possível perceber que um docinho de vez em quando não será o seu grande vilão na hora de emagrecer. Para a nutricionista, o doce, em quantidades adequadas, cabe até mesmo diariamente na alimentação. No entanto, para quem prefere não dar o braço a torcer, a grande vantagem está nas opções de doces saudáveis. Existem diversas opções disponíveis no mercado sem a adição de açúcares e com um sabor idêntico ao de doces tradicionais. Para isso, vale ficar de olho no rótulo dos alimentos e checar se ele é saudável de verdade ou se é fake fitness, que não é tão incomum.
Um exemplo de motivação
Em 2021, alguns eventos fizeram o empreendedor e criador de conteúdo digital Matheus Granado entender que precisava diminuir alguns dígitos na balança. Sua visão ficou turva, e ele passou a sentir uma sede incontrolável. Por dias, Matheus acreditou que os seus óculos estavam fracos e até marcou uma consulta no oftalmologista. Mesmo assim, ele decidiu fazer um teste glicêmico em casa e, para sua surpresa, a primeira medição bateu quase 400 mg/dl, quando os níveis normais de glicose no sangue são de 70 a 99 mg/dl.
A realidade é que ele estava diabético e ficando cego pela obesidade. “Quando iniciei o acompanhamento nutricional com o Matheus Granado, ele já estava em processo de emagrecimento satisfatório, com bons resultados. Porém, ajustes deviam ser feitos em relação à distribuição quantitativa e qualitativa nutricional ao longo do dia e das refeições. Era preciso cuidado para que não se perdesse a personalidade e o prazer alimentar dele, continuando a evoluir em seu objetivo, que é o emagrecimento”, relembra Laura, que destaca ainda o valor da paciência, visto que a mudança alimentar do paciente é gradual, isto é, ele está restabelecendo hábitos e comportamento alimentar de uma vida inteira.
Opções saudáveis
Para a profissional, a distribuição e qualidade de carboidratos ingeridos na dieta
merecem muita atenção. “Há doces no mercado que não contêm açúcar, então foi quantificado, com base nas calorias e carboidratos, as opções no plano alimentar do Matheus, os quais entram como opções em vários momentos do dia, como pré-treino, no lanche da tarde, como um incremento no café da manhã ou como doce do dia. Tudo calculado conforme sua necessidade”, detalha.
O processo do empreendedor, que já perdeu 25kg, é uma grande inspiração para muitas pessoas que tentam emagrecer ao longo da vida, pois ele mostra a realidade: o processo de emagrecimento tem que ser algo prazeroso e gradual e, apesar de tudo funcionar bem na maior parte do tempo, há momentos que são difíceis. “É exatamente neste momento que é necessário parar, pensar e relembrar o porquê você escolheu fazer diferente e onde você quer chegar”, afirma Laura.
Devo incluir doces no processo?
De acordo com a especialista, a ingestão consciente e equilibrada de doces saudáveis gera ao seu organismo prazer emocional e fisiológico. “Isso ocorre porque seu consumo está associado a memórias afetivas, além de causar liberação de neurotransmissores que nos dão a sensação de prazer e felicidade”, explica.
Uma das maiores dificuldades que temos em relação ao processo de emagrecimento é o controle da ingestão de doces açucarados e apesar de atualmente termos muito acesso a receitas fitness de “doces”, quando as elaboramos o sabor e textura não tem qualquer relação com o nome do doce original destinado a receita, isto gera mais uma grande frustração no paciente.
Equilíbrio é o caminho!
Vale lembrar que compreender que comer doce em pouca quantidade não faz mal pode ser exatamente a virada de chave que seu corpo precisa para não viver mais o efeito sanfona. Para isso, a nutricionista dá algumas dicas: “Escute seu corpo! Faça as pazes com os alimentos, tornando-os seus maiores aliados. Desta forma, você passará a entender sobre fome e saciedade, sobre respeitar seus desejos – sem exceder – e também sobre quais são os gatilhos que te fazem perder a adesão na sua transformação alimentar”, conclui a profissional.
Por fim, caso algum dia a sua alimentação não saia conforme o planejado, pare, reflita e recomece. A única maneira de modificar o seu padrão alimentar é, diariamente, querer e praticar uma alimentação consciente, saborosa e balanceada.