Gravidez psicológica: isso realmente acontece? A Organização Mundial da Saúde estima que, a cada 22 mil gestações no mundo, ao menos uma é gravidez psicológica!

A Organização Mundial da Saúde estima que, a cada 22 mil gestações no mundo, ao menos uma não é verdadeira!

Carlos Moraes, ginecologista e obstetra, explica que a gravidez psicológica é um diagnóstico médico, também chamado de pseudociese, e é um quadro que se caracteriza por uma mulher que tem os sintomas de gravidez, que pensa e acredita estar grávida. “Quando fazemos os exames que confirmam o diagnóstico da gravidez, que são: Beta HCG e ultrassom, temos o exame de sangue negativo e o ultrassom que não mostra embrião. Ou seja, do ponto de vista médico, a paciente de fato não está grávida, mas ela acredita que esteja, e isso faz o diagnóstico da gravidez psicológica”, explica.

Como a gravidez psicológica pode acontecer?

Na gravidez psicológica, não existe uma única causa, por isso é chamada de situação multifatorial. Normalmente são pacientes que já têm um histórico de algum transtorno psiquiátrico. Ou seja um fator predisponente, e que eventualmente, venha a ser desencadeado por experiências da própria paciente. “No caso, essa mulher tem um transtorno e tem dificuldade de engravidar, um quadro de infertilidade, ou ela tem um abortamento, que pode ser único ou repetido, como até mesmo ela tem um desejo muito grande de engravidar, existem vários fatores desencadeantes, não existe uma única causa que desencadeia uma gravidez psicológica, é necessário avaliar cada caso com cuidado”, aponta Moraes.

Além disso, a psiquiatra geral, Danielle Admoni, afirma que mulheres que passaram por traumas como abusos sexuais, pressão do parceiro ou de familiares para engravidar também podem desenvolver o transtorno.

Homens podem passar por isso?

A gravidez psicológica é um fenômeno que ocorre basicamente em mulheres. Mas existe um outro quadro que pode acontecer nos maridos, onde eles vivenciam a experiência da gestante. Muitas vezes, quando a mulher está realmente grávida, o marido pode ter enjoo no começo da gravidez ou no trabalho de parto pode sentir dores abdominais. Nesse caso, os médicos chamam de Síndrome de Couvade, que é quando o homem experimenta as sensações da esposa que está grávida.

O corpo e mente reagem

De alguma forma, ainda inexplicada pela ciência, o cérebro reage aos estímulos provocados pelas mudanças do estado emocional, desregulando a produção hormonal. As funções endócrinas, corticais e hipotalâmicas trabalham juntas no eixo ‘hipotálamo-hipófise-adrenal’, resultando nos sintomas de uma gravidez real. “Muitas vezes, a paciente pode ficar sem menstruar ou vir a ter secreção mamária. Tudo em decorrência das disfunções hormonais que ocorrem por causa da gravidez psicológica”, contextualiza Moraes.

Muitos destes sintomas são experimentados com tanta autenticidade que a mulher chega a sentir o crescimento da barriga, os movimentos do bebê, as dores e contrações do parto. E mesmo sem haver nascimento, ela persiste que o bebê virá em algum momento, podendo esperar por ele indefinidamente. No caso da distensão abdominal, cerca de 60% a 90% das mulheres com pseudociese podem apresentar um aumento do volume da barriga.

Tratamento para a gravidez psicológica

O início do tratamento, apontado por Carlos Moraes, é fazer os exames de sangue e ultrassons, mas muitas mulheres não acreditam no diagnóstico. “Mesmo com os resultados negativos, muitas mulheres não ficam convencidas de que a gestação não é real. Nesses casos, cabe ao ginecologista indicar um tratamento psicológico para identificar a origem do transtorno e tratar a causa. Também pode ser preciso intervenção com medicamentos hormonais para regularizar a menstruação e encerrar a produção de leite”, explica.

Danielle Admoni ainda acrescenta que a gravidez psicológica não é uma invenção da mulher, já que ela realmente acredita estar grávida. “Muitas vezes, a pseudociese é a válvula de escape que o cérebro encontrou para lidar com as adversidades psicológicas. Portanto, julgamentos só irão agravar o transtorno. A família deve dar apoio, conforto e acompanhar o tratamento psicológico, até para entender melhor a condição e saber como lidar com o quadro”, finaliza.