
Refrigerantes, doces, hambúrgueres, salsichas, macarrão instantâneo, barrinhas de cereal… se esses alimentos fazem parte da sua rotina, você precisa mudar hoje mesmo!
Que os ultraprocessados fazem mal para à saúde, todos nós já estamos cansados de saber. O consumo desses alimentos pode levar a obesidade e diabetes tipo 2, além de aumentar o risco de doenças cardiovasculares, hipertensão e até alguns tipos de câncer. Mas agora, uma pesquisa realizada recentemente pela USP comprova um outro perigo: comer muitos ultraprocessados aumenta o risco de depressão persistente. O estudo brasileiro acompanhou mais de 14 mil pessoas ao longo de oito anos e revelou que má alimentação pode aumentar em até 30% a probabilidade de ter o transtorno.
A psicóloga e cofundadora da ONG Obesidade Brasil, Andrea Levy, reforça os dados da pesquisa, e destaca que a depressão se torna ainda mais presente na vida de crianças e adolescentes que consomem constantemente os ultraprocessados. “Há estudos cada vez mais consistentes mostrando uma relação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e o aumento de sintomas depressivos. Esses alimentos afetam não só o corpo, mas também o funcionamento do cérebro. A saúde mental e a saúde física estão profundamente conectadas.”
Assim como uma alimentação saudável traz inúmeros benefícios, uma alimentação desequilibrada pode comprometer o funcionamento do eixo intestino-cérebro, aumentar inflamações no organismo e interferir na regulação do humor. “É preocupante que as crianças estejam sendo expostas tão cedo a esse tipo de alimentação, o que pode contribuir, sim, para o aumento de quadros depressivos”, avalia.
O que são ultraprocessados?
De acordo com Andrea Pereira, médica nutróloga e cofundadora da ONG Obesidade Brasil, os ultraprocessados são alimentos que contêm pouco ou nenhum alimento integral e geralmente são calóricos. “São ricos em sal, açúcar e gordura, pobres em fibras e propensos ao consumo excessivo. Além disso, é um compilado de substâncias alimentares derivadas industrialmente e aditivos alimentares por meio de uma sequência de extensos processos industriais”, explica. E por isso são tão perigosos! “Estão associados a um maior risco de morte por doenças cardiovasculares e diabetes; maior incidência de câncer, ansiedade, distúrbios do sono, depressão, doença de Chron, retocolite ulcerativa, asma e obesidade. Lembrando que a obesidade está associada a problemas de coração, fígado, pulmão e osteoarticulares, a pelo menos 13 tipos de câncer, além de diabetes e dislipidemia.”
O que é depressão persistente?
A depressão persistente, também chamada de distimia, é um tipo de depressão crônica. Ela costuma ser menos intensa que a depressão maior, mas dura por um período mais longo — no mínimo dois anos em adultos, ou um ano em crianças e adolescentes. “Os sintomas incluem tristeza constante, baixa autoestima, cansaço, falta de esperança, dificuldades para tomar decisões e sentir prazer. Por ser uma forma mais ‘silenciosa’, muitas vezes a pessoa convive com o sofrimento sem saber que precisa de tratamento. Mas é fundamental lembrar: mesmo uma tristeza ‘leve’, quando se arrasta por muito tempo, merece atenção”, reforça a psicóloga.
Andrea explica ainda que a depressão pode surgir em qualquer idade, inclusive na infância, embora as pessoas a reconheçam mais na adolescência e na vida adulta. “Crianças também podem apresentar sintomas como tristeza persistente, irritabilidade, alterações no sono e apetite, dificuldade de concentração e queda no rendimento escolar. Infelizmente, nem sempre se identificam esses sinais como depressão, o que atrasa o diagnóstico e o tratamento. Por isso é tão importante estar atento aos comportamentos e emoções das crianças e buscar ajuda profissional sempre que houver preocupação.”
Mantenha-se longe!
Cereais matinais: são adoçados e costumam ser ricos em açúcar e aditivos.
Produtos assados embalados: bolos, doces e biscoitos são frequentemente feitos com ingredientes processados e conservantes.
Salgadinhos: Especialistas consideram produtos saborizados e até salgados como ultraprocessados devido ao seu alto teor de carboidratos e gordura.
Margarinas: muitas contêm aditivos como emulsificantes e conservantes.
Carnes processadas: nuggets de frango, cachorros-quentes e salsichas costumam ser altamente processados e contêm aditivos.
“Outros exemplos de ultraprocessados prejudiciais à saúde são sorvetes, doces, bebidas adoçadas, energéticos, macarrão instantâneo e massas em caixa”, afirma Andrea Pereira.
O tratamento da depressão
Seja ela maior ou persistente, os cuidados para vencer a doença devem ser feitos com acompanhamento profissional. O mais indicado é uma abordagem combinada, que inclui psicoterapia e, em alguns casos, o uso de medicamentos antidepressivos prescritos por um médico.
E claro, a mudança no estilo de vida se torna essencial. “Com uma alimentação equilibrada, prática de atividade física regular e sono de qualidade, importantes na melhora dos sintomas. O apoio da família e da rede social também é essencial. Cada pessoa é única, por isso o tratamento precisa ser individualizado, respeitando a história e as necessidades de cada um”, finaliza a psicóloga.