Gestores ainda não sabem lidar com riscos psicossociais

Especialista alerta para a distância entre o discurso e a prática dentro das organizações

No Dia Internacional da Saúde Mental, celebrado em 10 de outubro, um estudo da Zenklub, empresa da Conexa — ecossistema digital de saúde física e mental —, revela que 4 em cada 10 líderes não estão preparados para lidar com riscos psicossociais. Além disso, 1 em cada 3 empresas ainda não possui política contra o assédio. A pesquisa, feita com quase 800 companhias, mostra ainda que 43% das lideranças não recebem capacitação para identificar sinais de sofrimento emocional. E 40% das empresas não oferecem treinamentos contínuos em gestão de pessoas ou comunicação empática. Como consequência, 29,1% dos gestores têm dificuldade em estimular a cooperação entre equipes, prejudicando o clima organizacional.

Falta de preparo quando o assunto são riscos psicossociais

A psicóloga e especialista em saúde mental no trabalho Denise Milk afirma que, embora o tema tenha ganhado atenção, as pessoas ainda o tratam de forma superficial. “As empresas falam sobre saúde mental, mas muitas vezes de maneira pontual, em datas específicas, sem uma política de cuidado constante. O problema é que o sofrimento emocional não escolhe momento. Ele surge quando o ambiente se torna hostil, quando falta espaço para diálogo e quando o colaborador esconde o que sente para parecer produtivo”, explica.

Ela acrescenta que a formação das lideranças é um dos pontos mais críticos. “Um gestor despreparado pode agravar o sofrimento de uma equipe. É ele quem dá o tom da convivência, quem cria o espaço de confiança ou de medo. Por isso, formar líderes conscientes, empáticos e atentos é o primeiro passo para prevenir o adoecimento emocional”, afirma Denise.

Dicas de ações

A especialista também indica ações práticas para criar um ambiente de trabalho mais saudável.“Incentivar a escuta ativa, criando espaços seguros para que os colaboradores expressem sentimentos e ideias, investir na formação das lideranças, valorizar pausas e momentos de descanso, reforçar o reconhecimento e o diálogo constante, e normalizar conversas sobre saúde mental são medidas que fazem diferença no dia a dia. Pequenas mudanças podem gerar grandes resultados.”

Segundo Denise, ambientes seguros, cooperativos e atentos à saúde emocional aumentam o engajamento, fortalecem a confiança e contribuem para equipes mais motivadas e produtivas.