Um relacionamento atrás do outro? Entenda a problemática disso Foto: Pixabay

Emendar relacionamentos amorosos, sem dar um intervalo de tempo, pode ser prejudicial

Todo mundo conhece pelo menos uma pessoa que não consegue ficar sozinha. Quando termina um relacionamento, pouco tempo depois ela já começa outro. Sem dar um intervalo para entender o que aconteceu e que levou a relação ao fim. Mas o que faz as pessoas agirem dessa forma?

Muitas motivações…

Beatriz Brandão, psicóloga clínica, explica que uma das principais motivações para alguém entrar rapidamente em um novo relacionamento logo após o término de outro é a tentativa de preencher o vazio emocional deixado pelo fim da relação anterior. “Muitas vezes, a pessoa pode estar buscando evitar a dor do luto, da solidão, ou até mesmo do sentimento de rejeição. Ao entrar em um novo relacionamento, ela pode sentir uma sensação temporária de alívio ou distração. Isso a impede de enfrentar as emoções difíceis que vêm com o término.

Além disso, a necessidade de validação pode ser um fator importante. Depois de uma separação, especialmente se ela foi inesperada ou dolorosa, a pessoa pode buscar no novo relacionamento uma forma de reafirmar seu valor e atratividade. Essa validação externa pode parecer reconfortante, mas frequentemente está mascarando questões internas não resolvidas. 

“Também há aqueles que entram em novos relacionamentos rapidamente por hábito ou medo de ficarem sozinhos. A ideia de estar sem um parceiro pode ser assustadora para algumas pessoas, levando-as a procurar imediatamente por outra conexão para não terem que lidar com a solidão”, descreve.

Busca por relacionamento pode ser fuga emocional


Porém, no fundo, essa busca rápida por um novo relacionamento pode ser uma forma de fuga emocional, onde a pessoa tenta evitar o confronto com seus próprios sentimentos e a necessidade de refletir sobre o que aconteceu na relação anterior. “Ao invés de se dar o tempo necessário para processar a perda e crescer a partir dela, ela se joga em algo novo, na esperança de que isso vá aliviar a dor que ainda está sentindo.”

Impactos emocionais a longo prazo

Quando alguém não dá um tempo entre relacionamentos, pode estar criando uma espécie de “bola de neve emocional”. Isso porque, cada relacionamento traz consigo suas próprias experiências, boas e ruins, e quando você pula de um para o outro sem pausa, acaba carregando as emoções e problemas não resolvidos de um relacionamento para o próximo.

“Um possível impacto emocional a longo prazo é o acúmulo de mágoas e frustrações. Imagine que cada relacionamento é como uma mochila. Se você não tira o tempo para esvaziar a mochila entre um relacionamento e outro, ela vai ficando cada vez mais pesada. E com essa carga emocional extra, fica mais difícil se abrir verdadeiramente para a nova pessoa. Você pode começar a sentir que está sempre revivendo os mesmos problemas, como se estivesse preso em um ciclo”, afirma Beatriz.

Além disso, essa falta de pausa pode impedir o autoconhecimento. O tempo entre relacionamentos é importante para refletir sobre o que deu certo e o que deu errado, e para entender melhor o que você realmente quer e precisa em um parceiro. Sem esse espaço para reflexão, você corre o risco de repetir os mesmos erros e acabar em relacionamentos que não são saudáveis ou satisfatórios. (box)

Você emenda relacionamentos?

A psicóloga clínica aponta sinais que indicam que alguém pode estar usando novos relacionamentos como forma de fuga emocional:

  • Entrar em relacionamentos rapidamente após um término.
  • Dificuldade em ficar sozinho(a).
  • Foco exagerado na aprovação do novo parceiro.
  • Relacionamentos que parecem superficiais.
  • Repetição dos mesmos padrões de relacionamento.
  • Falta de tempo para refletir sobre o término anterior.

“Esses sinais podem indicar que a pessoa está utilizando novos relacionamentos como uma forma de fuga emocional, em vez de enfrentar e trabalhar suas emoções e experiências passadas. Isso pode impedir o crescimento pessoal e levar a um ciclo contínuo de relacionamentos insatisfatórios”, destaca Beatriz.