No Brasil, este fenômeno ainda é pouco conhecido, mas pode ter te acometido
É difícil ler as notícias ao redor do mundo sem sentir uma dor no coração com tantas tragédias acontecendo, sendo as naturais ou aquelas causadas pelos homens. Por mais pareça necessário estar engajado em tudo o que vem acontecendo, se você não estabelecer limites, pode desenvolver a síndrome fadiga por compaixão.
Mas o que é fadiga por compaixão?
Desenvolvido por Charles Figley, psicólogo estadunidense, em 1985, o termo fadiga por compaixão foi criado para profissionais – como terapeutas, bombeiros, policiais, médicos e membros de família de pessoas que possuem uma doença crônica – que experimentam um esgotamento emocional devido à exposição contínua ao sofrimento e às dificuldades dos outros. “Essa empatia e o envolvimento emocional intenso com o sofrimento alheio podem levar a um desgaste emocional, físico e cognitivo”, explica a psicóloga Larissa Fonseca.
Em uma entrevista à CNN norte-americana, o criador do termo, Charles Figley – que é professor da Tulane University, em Nova Orleans, nos Estados Unidos – disse que a fadiga por compaixão também pode ser considerada um trauma secundário, o que significa que você será traumatizado, mesmo que não seja você quem passe pelo evento.
Sintomas da fadiga por compaixão
O Centro de Dependência e Saúde Mental, no Canadá, explica que os principais sintomas de fadiga por compaixão incluem:
- Sensação de impotência diante ao sofrimento do paciente;
- Sentimentos reduzidos de empatia e sensibilidade;
- Sensação de sobrecarga devido às demandas do trabalho;
- Sensação de desapego e desconexão, assim como perda de interesse em atividades que antes gostava;
- Aumento da ansiedade, tristeza, irritação e raiva;
- Dificuldade em se concentrar e tomar decisões;
- Dificuldade em dormir e distúrbios do sono, como pesadelos;
- Sintomas físicos, como dores de cabeça, náusea, dores de estômago e tontura;
- Aumento de conflito nas relações pessoais;
- Negligência com o seu próprio autocuidado, assim como isolamento e aumento no uso de substâncias como uma forma de automedicação.
Temos que nos cuidar
Para ser o melhor que você pode ser para si mesmo, para quem você ama e para as questões que você apoia, é importante se cuidar e entender como seu corpo está reagindo a tudo que acontece à sua volta. Seja você um profissional que lida diretamente com os problemas dos outros ou apenas uma pessoa que se empatiza com essas dores. Larissa recomenda trabalhar, em terapia, uma reflexão sobre a própria vida e sensações de incapacidade. “Além disso, você pode estabelecer limites saudáveis entre o trabalho e a vida pessoal, e também com as notícias. Assim como praticar atividades que te façam bem e procurar por amigos que se conectam com as causas que você apoia.”