Enxaqueca: o que é e como identificá-la? A neurologista Carla Jevoux afirma que são em média 200 tipos de cefaleia, descubra os vários tipos e aprenda a diferenciá-las

Venha desvendar esse problema de uma vez por todos

Mais comum do que a maioria imagina, a enxaqueca atinge cerca de 20% das mulheres e 5% a 10% masculina, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe). A doença é caracterizada por crises frequentes de dor de cabeça, podendo oscilar de pessoa para pessoa. Enquanto alguns apresentam poucas crises durante a vida, outros passam pelo problema várias vezes por mês. “A enxaqueca é ocasionada por disfunções persistentes do córtex (camada exterior do cérebro) e de outras estruturas cerebrais que se manifestam por episódios repetidos de dor de cabeça, além de sintomas acompanhantes”, explica a neurologista Carla Jevoux.

Reconhecendo o problema da enxaqueca

Nem todas as pessoas apresentam os sintomas típicos do distúrbio, no entanto, dores pulsantes na cabeça e náuseas são alguns dos principais sinais. “Entre os fenômenos que acompanham a dor estão: vômitos, a intolerância à luz (fotofobia), aos ruídos (fonofobia) e aos odores (osmofobia). A dor de enxaqueca se acentua com os exercícios físicos e a movimentação da cabeça, levando o indivíduo a evitar atividades rotineiras”, complementa Carla. As crises ainda duram de quatro horas a três dias, quando não tratadas.

Causas da enxaqueca

Não se sabe ao certo sua origem, no entanto, fatores genéticos podem estar relacionados ao distúrbio. “A enxaqueca é uma doença genética do cérebro, que se torna mais sensível a uma vasta gama de estímulos. O problema predomina no sexo feminino e é comum em uma família haver mais de
uma pessoa com a mesma queixa. Por ser uma dor de forte intensidade e que provoca incapacidade com diminuição da qualidade de vida, seu sofredor geralmente busca ajuda médica”, explica Carla.

Fatores desencadeantes

Os motivos específicos para o desenvolvimento da enxaqueca ainda são desconhecidos, entretanto, sabe-se que existe uma série de elementos que pode colaborar para o problema, de acordo com a SBCe. São eles:

  • Estresse
  • Jejum prolongado
  • Sono prolongado
  • Traumas cranianosIngestão de certos alimentos, como: chocolate, laranja, comidas gordurosas e lácteas
  • Privação da cafeína, nos indivíduos que consomem grandes quantidades de café em um determinado dia e no outro não
  • Exposição a ruídos altos, odores fortes ou temperaturas elevadas
  • Mudanças súbitas de pressão atmosférica, como no pouso de um avião
  • Mudanças climáticas
  • Queda dos níveis hormonais que ocorre antes da menstruação

Diferenciando o distúrbio

Basicamente existem dois tipos de enxaqueca: a com aura e a sem aura. A aura nada mais é do que o nome que se dá ao conjunto de sintomas neurológicos que, nas crises de enxaqueca, aparecem um pouco antes da dor de cabeça. Estes sinais podem surgir como flashes de luz, falhas no campo visual ou imagens brilhantes em ziguezague. Cerca de 20% das pessoas que sofrem com enxaqueca apresentam aura. Quem não tem estes sintomas sofre de enxaqueca sem aura.

Ajuda especializada

Antes que as enxaquecas se tornem frequentes, é hora de procurar por auxílio médico, já que o distúrbio
pode estar associado a outros problemas. “Torna-se necessário o acompanhamento de um profissional especializado, caso se suspeite de outras causas para as enxaquecas (ditas secundárias), se houver cefaleias primárias com grau significativo de repercussão sobre atividades cotidianas ou a necessidade do uso de medicações sintomáticas com frequência maior que duas vezes por semana”, orienta o neurologista Fabio Sawada Shiba.